Mau hálito prejudica vida social de crianças
Já é difícil para um adulto enfrentar os problemas decorridos da halitose, para uma criança a situação é ainda mais delicada. O mau hálito pode atrapalhar o relacionamento com o grupo, uma vez que é desagradável conversar com alguém e sentir o odor da boca. Em um estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 63% das crianças, entre três e 14 anos, tinham problemas com mau hálito.
A psicóloga Miriam Barros, especialista em terapia familiar, explica que as crianças podem simplesmente se afastar, colocar apelidos e fazer daquilo motivo de chacota no grupo. “Isso acontece por imaturidade, porque as crianças querem se sobressair no grupo ou porque não tem noção do quanto aquilo afeta o amigo que tem o problema, um exercício que pode ser feito é ajudar a criança a se colocar no lugar do outro”, diz.
Segundo a especialista, o melhor caminho para os pais é tratar o caso com naturalidade, não ignorar o problema e procurar ajuda de um profissional.
Profissional da halitose
Como dificilmente a causa do mau hálito é gástrica – em quase 90% dos casos a origem é bucal – o primeiro passo é procurar um dentista. Se a saúde oral está bem e a halitose persistir, o recomendado é consultar um especialista em halitose. “Garanto que seguindo este caminho e estando nas mãos certas, o problema será resolvido”, indica a dentista Paula Rollemberg, especialista em halitose. Uma vez com diagnóstico em mãos, o tratamento é feito de forma multidisciplinar, com otorrinos, nutricionistas, gastros, entre outros.
De olho nas causas
As causas do mau hálito são diversas – cáries, problemas gengivais, aparelho ortodôntico que dificulta a higiene, baixa salivação (xerostomia). Esta última pode ser causada por maus hábitos, como muito tempo de jejum ou pouca ingestão de água. Inflamações nas vias respiratórias – sinusite, amigdalite, rinite ou adenoide – também fazem com que a criança respire pela boca, o que causa uma diminuição da saliva.
A halitose também pode ser proveniente das amídalas. Alguns tipos de amídalas têm cavidades que retêm alimentos, o que provoca a proliferação de bactérias e, posteriormente, o mau hálito. “Os pais devem ficar atentos a qualquer alteração no hálito da criança e procurar um profissional para evitar que a criança sofra com a halitose”, afirma o dentista Marcos Moura, presidente da Associação Brasileira de Halitose – ABHA.
Nada de bafinho em casa
Os pais devem estimular a higiene oral desde a fase em que a criança não tem dentes. “É preciso fazer uma correta higiene da gengiva e língua com uma gaze umedecida para remover restos alimentares”, recomenda Moura.
Quando o primeiro dentinho nascer, já é momento de usar a escova. “Quando o dente está na cavidade bucal já pode ser colonizado por bactérias que causam a doença cárie e se a escovação e o controle da ingestão de carboidratos fermentáveis não acontecerem, a lesão de cárie irá surgir”, explica a dentista Sandra Kalil Bussadori, professora da APCD – Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas.
Na fase que vai até os cinco anos, a criança tende a imitar os pais. “Por isso a importância dos pais escovarem os dentes na frente das crianças, é uma forma de estimular esse hábito”, indica Marcos Moura.
É importante lembrar-se de limpar a língua. É nela que ficam as papilas gustativas – responsáveis por sentirem o gosto do alimento. Os espaços entre as papilas podem acumular restos de comida que, se não forem removidos, fermentam e provocam o bafinho indesejado.