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Psicóloga diz como não deixar crianças com medo de dentista

Recentemente, um garoto simulou um sequestro para não ir à consulta, na França. Segundo especialistas, o medo pode passar de pai para filho

21 ago 2014 - 08h01
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Antigamente, as pessoas só procuravam o dentista em caso de extração. Então o medo vem, em parte, das histórias dos mais velhos
Antigamente, as pessoas só procuravam o dentista em caso de extração. Então o medo vem, em parte, das histórias dos mais velhos
Foto: Andresr / Shutterstock

Um francês de apenas 12 anos forjou o próprio sequestro para não ir ao dentista. Depois de horas de procura e muita confusão, o rapazinho, que estava escondido, acabou assumindo que tinha inventado essa história para não ter que ir à consulta. Sentar na cadeira do dentista, ficar imóvel com a boca aberta e ouvir os barulhos dos instrumentos causam pânico nos pequeninos. Mas de onde vem tanto medo? 

Para Ana Paula Pasqualin Tokunaga, cirurgiã-dentista e autora do blog Medo de Dentista, esse trauma pode estar associado a experiências do passado, mas não necessariamente vivenciadas pela criança. “Antigamente não existiam os recursos que temos hoje pra garantir o conforto do paciente e evitar a dor durante um procedimento. Como não havia prevenção, as pessoas só procuravam o dentista em caso de extração. Então o medo que vivemos hoje vem, em parte, das histórias que ouvimos dos mais velhos e que acabamos transmitindo aos mais novos”, diz.

Porém, a psicóloga Adriana Prado de Albuquerque acredita que o confronto com uma experiência nova também assusta as crianças. “O medo muitas vezes é uma reação ao desconhecido. No caso do dentista, a criança, que fica totalmente vulnerável com a boca aberta e imóvel, não consegue prever o que irá acontecer”, afirma. 

Pais devem tomar cuidado com o que dizem

Um erro cometido pelos pais é colocar a visita ao dentista como uma forma de castigo para a criança. “Já ouvi pais dizendo aos filhos: se você não se comportar vou te levar ao dentista e ele vai te dar uma injeção enorme. É uma inversão total do significado da atenção odontológica, que visa cuidar e não punir”, diz Ana Paula. 

A idéia imposta a criança de que ir ao dentista pode ser algo aterrorizante às vezes é tão forte, que em alguns casos o atendimento acaba se tornando inviável. “Existem dois tipos de medo, o bom e o ruim. O bom nos assegura e impõe limites. O ruim nos incapacita de fazer certas coisas e traz prejuízo a nossa vida. Quando o medo da criança chega nesse nível é hora de se preocupar, analisar as causas e tentar corrigi-las”, diz a psicóloga. 

Brinquedos, prevenção e confiança

Para tentar acabar com esse problema, os consultórios podem recorrer a estímulos infantis como paredes coloridas, brinquedos temáticos e brindes. E o mesmo se aplica aos profissionais. “Estimular a curiosidade da criança também pode ser uma boa opção. Mostre para ela o que está acontecendo em sua boca. Converse com ela e utilize brinquedos e espelhos para que ela acompanhe tudo e passe a gostar daquela situação”, afirma Adriana. 

Já em casa, a ajuda deve começar com relatos positivos sobre visitas ao dentista e prevenção. Crianças com uma boa higiene bucal nunca passarão por procedimentos mais severos como uma restauração ou um tratamento de canal, ou seja, não associarão o dentista a situações de dor. “O ideal é que a criança pense no dentista como um amigo que vai ajudá-la a cuidar dos dentes. É necessário que ela e o profissional estabeleçam uma relação de confiança. A infância é a melhor época para se acabar com esse medo de dentista”, diz Ana Paula.

Fonte: Agência Beta Este conteúdo é de propriedade intelectual do Terra e fica proibido o uso sem prévia autorização. Todos os direitos reservados.
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