Transtornos alimentares podem causar problemas bucais
Desnutrição e excesso de vômitos, sintomas comuns de pessoas que sofrem de anorexia ou bulimia, podem causar sapinho, desgaste do dente e sensibilidade dental
3 nov2014 - 08h00
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Os transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia, são distúrbios graves e podem indicar problemas físicos e psicológicos. Além disso, também podem causar doenças bucais como sapinho, problemas de saliva, cárie e sensibilidade dental. O fato de esses transtornos estarem ligados ao excesso de vômitos provocados pela paciente, que sente culpa por comer, faz com que, várias vezes ao dia, os dentes entrem em contato com o ácido clorídrico presente no suco gástrico, que possui um pH extremamente ácido.
“O excesso de vômitos e a desnutrição, que pode variar de leve a severa, características muito comuns desses pacientes, podem causar desgaste da parte interna do dente, voltada para o céu da boca, candidíase oral (fungo que se desenvolve na boca quando o sistema imunológico está fraco), sapinho, sensibilidade a alimentos líquidos gelados e ainda, em alguns casos, fortes dores na face”, diz Camila Vieira Esteves dos Santos, cirurgiã-dentista.
Não é de hoje que hábitos alimentares inadequados causam uma série de problemas para a saúde, inclusive a bucal. A falta de algumas vitaminas pode causar a chamada anemia ferropriva que se caracteriza pela língua pálida e lisa (língua careca) devido a atrofia das papilas linguais que favorece a instalação de infecções. “Outro problema observado em casos mais graves é o escorbuto, causado pela deficiência de vitamina C, que causa o aumento do volume da gengiva e seu sangramento”, diz Camila.
Nos casos de problemas bucais causados por transtornos alimentares, o tratamento recomendado é o multidisciplinar. “O apoio de nutricionistas, psicólogos e médicos é de extrema importância para se alcançar os objetivos propostos em cada caso. O tratamento odontológico deve estar em sincronia com o tratamento médico, para se adequar o que fazer e quando fazer”, diz a especialista.
Os transtornos alimentares normalmente surgem em situações de maior vulnerabilidade emocional, ou seja, nos momentos de crise ou transição. Por esse motivo, na adolescência, no começo de casamento ou a chegada do primeiro filho, podem desencadear problemas de saúde como bulimia nervosa, anorexia nervosa e compulsão alimentar.
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Para o diagnóstico e tratamento dessas doenças, o papel do dentista é fundamental. Isso porque alguns sintomas dos transtornos alimentares manifestam-se na boca. Um exemplo disso é a observações de erosões ácidas desgastes nos dentes de pessoas com bulimia ou anorexia, diz o dentista Arnaldo Caldas Junior, consultor científico da Associação Brasileira de Odontologia (ABO).
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Dentre as manifestações relacionadas aos transtornos alimentares na boca estão a cárie, doença periodontal na gengiva , xerostomia boca seca , halitose, fratura dentária, bruxismo, hipersensibilidade e úlceras.
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Tanto quando a pessoa sofre de compulsão alimentar, anorexia ou bulimia há períodos de grande ingestão de carboidratos que elevam a acidez bucal. É aí que a cárie pode aparecer. Da mesma forma, a diminuição do pH salivar devido ao vômito, que ocorre na bulimia, propicia a erosão dental. Outros problemas ocorrem porque, geralmente, o portador de transtornos alimentares tende a descuidar da higiene bucal.
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O primeiro passo a ser tomado pelo cirurgião dentista é preservar a saúde bucal do paciente para minimizar os danos que ocorrem na cavidade bucal. Ainda, encaminhar o paciente para o tratamento adequado, uma vez que, se as lesões odontológicas forem tratadas sem que suas verdadeiras causas recebam a atenção devida, o paciente ainda vai estar doente, e as alterações continuarão provocando prejuízos à saúde bucal.
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Bulimia nervosa: é criado um ciclo em que a pessoa ingere grande quantidade de alimento e logo após força o vômito ou ingere laxantes e/ou diuréticos para eliminar a comida.
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Bulimia nervosa: é criado um ciclo em que a pessoa ingere grande quantidade de alimento e logo após força o vômito ou ingere laxantes e/ou diuréticos para eliminar a comida.
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Compulsão alimentar: a pessoa come demais, sem vontade, engole rápido e sente culpa. Atinge até 4% da população geral e 6% dos obesos pode alcançar metade dos indivíduos mórbidos, segundo dados da Associação Americana de Psiquiatria.
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Recrutamento para a pesquisa
Camila está desenvolvendo sua pesquisa de mestrado voltada para esses pacientes. Para isso, ela e sua equipe estão recrutando trinta pessoas com Transtornos Alimentares previamente diagnosticados. “Queremos entender em detalhes como, quando e quanto a doença afeta a saúde e a autoestima dos doentes e, com isso, delinear estratégias mais eficientes para se obter uma melhor qualidade de vida para os pacientes”, diz.
Todos os pacientes que participarem do estudo terão o tratamento odontológico básico realizado (com exceção de próteses extensas, implantes e tratamentos ortodônticos). Os interessados devem mandar um email para o endereço triagemfousp@yahoo.com.br para que seja feito um agendamento da consulta inicial.
No cardápio semanal da médica Roseli Miyahara, a sexta-feira era reservada para o peixe que vinha fresquinho da feira. Depois de começar a dieta com uma nutricionista funcional, os pescados foram para o prato mais duas vezes na semana.
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Quando comparado às outras carnes - boi, frango e porco - os peixes são considerados mais saudáveis por serem fontes de proteínas de alto valor biológico e com gorduras do bem, as chamadas gorduras monoinsaturadas, como, por exemplo, o ômega 3. Segundo a nutricionista funcional Christiane Vitola, o ômega 3 é uma gordura que ajuda a diminuir o colesterol ruim, é anti-inflamatório e antioxidante,além de ajudar a prevenir doenças, principalmente as cardiovasculares.
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O ideal é consumir os pescados de duas a três vezes por semana, mas, entre os brasileiros, essa é uma realidade longe de ser alcançada. No ano, o consumo é de 9 kg de peixe por pessoa em média - cerca de 180 g por semana. A meta da Organização Mundial de Saúde - OMS - é que esse número suba para 16 kg por indivíduo por ano.
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Duas opções de peixes que beneficiam diretamente os dentes são o bacalhau e o atum. Os dois são ricos em proteínas e cálcio e ajudam na formação e fortalecimento dos tecidos, inclusive dos dentes. A nutricionista esportiva Vivian Ragasso diz que, além de promover a melhora da saúde bucal, os peixes mantém a estrutura óssea adequada.
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Para o preparo, a especialista recomenda dar preferência a preparações cozidas, assadas e grelhadas. Evitar a fritura tanto por contato, quanto por imersão, ajuda a absorver melhor a proteína de alto valor biológico e os nutrientes contidos nos peixes, além de não ingerir uma gordura ruim desnecessária. Em relação ao bacalhau, é importante dessalgá-lo muito bem antes do preparo para não ingerir sal demais. Se possível, prefira o bacalhau fresco.
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Como acompanhamento para o bacalhau e o atum, legumes e verduras verde escuras, frutas, principalmente as ricas em vitamina C, cereais integrais e oleginosas -como a castanha- potencializam os benefícios para a saúde bucal.
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Bacalhau com couve refogada e batata sauté Receita indicada pela nutricionista Christiane Vitola Ingredientes 300g de bacalhau dessalgado e refogado 30ml de azeite 10g de alho 15g de sopa de cebola 60g de folha de couve 240g de batata pré-cozida Modo de preparo Refogue o bacalhau com azeite, alho e cebola. Acrescente a couve ao bacalhau refogado e asse as batatas pré-cozidas. Disponha no prato e sirva.
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Sanduíche de atum Receita indicada pela nutricionista Vivian Ragasso Ingredientes 2 fatias de pão integral light 3 colheres de sopa de atum em lata 2 colheres de sopa de cebola picada 2 colheres de sopa de iogurte natural desnatado ½ colher de chá de catchup light ½ colher de chá de mostarda 1 folha de alface pimenta do reino a gosto Modo de preparo Coloque o atum, a cebola, o iogurte desnatado, o catchup e a mostarda em um recipiente. Acrescente a pimenta do reino e mexa com uma colher. Coloque as fatias de pão na torradeira ou leve ao forno para tostar. Coloque o recheio sobre uma fatia de pão e cubra com a alface e finalize com a outra fatia de pão.
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