Parceria: dentista e dermato podem ajudar a tratar o Lúpus
Como os primeiros sinais da doença são na boca ou na pele eles têm papel importante no diagnóstico da doença
Certamente você já ouviu falar de uma doença chamada Lúpus. Ela aparece quando há um desequilíbrio no sistema imunológico e este passa a causar inflamação em diversas partes do corpo como na pele, na mucosa bucal, nos rins, no coração e nos pulmões. E exatamente por acometer tecidos diferentes, ela pode e deve ser tratada por profissionais diferentes, sendo a parceria entre a dermatologista e o dentista fundamental para o sucesso do tratamento.
Um pouco sobre o Lúpus na boca...
Apesar de não ter grupo de risco específico, o Lúpus é mais comum em mulheres com idade entre 15 e 45 anos. “Ele pode ser cutâneo, quando só afeta pele e mucosas, ou sistêmico, quando diversos outros órgãos são acometidos. Os sintomas variam muito de um paciente para outro, indo desde ocorrência de febres baixas e mal estar até complicações mais severas onde há danos em órgãos vitais, como coração, rim, fígado, pulmões e cérebro”, diz Ana Gabriela Batalha, dentista especializada em Periodontia e membro da diretoria executiva da Associação Brasileira de Halitose (ABHA).
No entanto, em ambas as formas o Lúpus costuma se manifestar na boca. “As feridas podem ser semelhantes às da pele, avermelhadas ou esbranquiçadas. Principalmente na forma sistêmica, aparecem feridas tipo úlceras, que podem começar como pequenos pontos arroxeados”, diz Laura de Sena Maehara, dermatologista e professora de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic.
Essas lesões bucais podem ter tamanhos variados e nem sempre são doloridas. Suas aparições revezam entre momentos mais críticos e outros mais brandos. “Outras manifestações bucais que estão associadas ao Lúpus são: xerostomia, hipossalivação, má digestão e queimação da língua. É comum esses pacientes apresentarem também alta incidência de cárie e presença de doença periodontal”, diz Ana Gabriela.
Parceria de sucesso
Como os primeiros sinais da doença são bucais ou cutâneos é comum que a vítima procure de imediato um dentista ou um dermatologista. É aí que começa a importância do trabalho em parceria dessa dupla, pois cabem a eles a identificação do problema, o auxílio no tratamento e o encaminhamento do paciente a outros profissionais que também vão ajudar, como o reumatologista.
“Além do diagnóstico precoce, o dentista deve saber diferenciar as lesões do Lúpus de outras doenças autoimunes que apresentam características muito similares a elas. Ele também deve ficar muito atento a saúde bucal deste paciente, pois devido sua baixa imunidade, a suscetibilidade a infecções na cavidade oral é bem maior assim como a aparição de cárie e doença periodontal”, diz a dentista.
Para a dermatologista, o papel do dentista no controle da doença é ainda maior. “Eles também podem auxiliar nas orientações de higiene da cavidade oral durante o tratamento sistêmico prescrito pelo médico”, diz Laura.
E tem mais. O dentista que acompanha um paciente com Lúpus, com ou sem lesões orais específicas da doença, pode detectar outros tipos de infecções oportunistas que podem se apresentar durante o tratamento. “Infecções virais, bacterianas e fúngicas, como a candidíase, podem aparecer na cavidade oral devido ao uso de medicações para controlar o Lúpus que causam redução da resposta imune contra agentes microbianos”, diz a dermatologista.
Diagnóstico precoce
É importante que se diagnostique o Lúpus o quanto antes a fim de minimizar as lesões e a progressão da doença. “Quanto mais precoce for o diagnostico, menor a probabilidade de agravamento dos órgãos afetados, fazendo, na maioria dos casos, do dentista e do dermatologista peças-chave na condução do diagnóstico e prognóstico dessa doença”, diz Ana Gabriela.