Adolescentes têm mais propensão a inflamações gengivais?
Aumento dos hormônios, respiração bucal, dentes tortos e comportamento rebelde colaboram para o aparecimento do problema
Segundo a Organização Mundial Saúde (OMS), a adolescência compreende o período dos 10 aos 19 anos. Nessa fase, o indivíduo enfrenta um complexo de eventos endocrinológicos que causam alterações tanto físicas como comportamentais. Dentre essas mudanças estão as que podem atingir de forma negativa a boca e, se o jovem negligenciar a higienização bucal nesse período, pode acabar arrumando mais dor de cabeça do que gostaria além de um sorriso bastante comprometido.
E podemos dizer que os principais culpados por essa ameaça à saúde bucal nessa fase são os hormônios sexuais esteroides, que durante a adolescência são encontrados em maior quantidade no nosso organismo.
“A presença desses hormônios em quantidades aumentadas leva à alteração nos tipos de bactérias presentes na placa dental, favorecendo a existência de espécies mais propensas a desenvolver doença, e na resposta de defesa do indivíduo frente a uma infecção. Em consequência, o adolescente poderá desenvolver a gengivite, uma doença periodontal em que a gengiva fica inchada e sangra ao toque”, diz Luciana Satie Okajima, professora do curso de graduação em Odontologia da Faculdade São Leopoldo Mandic.
Apesar desse fator já responder a questão da matéria, ainda existem outros motivos relacionados ao período que aumentam ainda mais o risco de doenças gengivais.
“A gengivite nos adolescentes é influenciada por uma variedade de fatores como nível de placa dental (relacionado ao grau de higiene bucal realizado pelo paciente), respiração bucal e apinhamento dental”, diz a especialista.
Comportamento rebelde
No entanto, quem tem um jovem em casa ou já foi um sabe que a rebeldia pode ser uma característica típica da fase.
“Nessa fase o fator psicológico tem grande peso. Sendo uma fase de contestação e desafio de limites, os adolescentes tendem a negligenciar os cuidados diários com a higiene bucal, bem como a não serem regulares em suas consultas ao dentista”, diz Luciana.
Sangramento: mau sinal
Segundo Luciana, para não deixar o quadro piorar é importante que se tenha em mente que toda vez que for percebido um sangramento gengival durante a alimentação ou higiene bucal, a pessoa deve ficar atenta e procurar um cirurgião-dentista, pois o sangramento demonstra a presença de uma infecção gengival.
“O tratamento compreende na remoção da placa e cálculo dental e na instrução sobre a melhor forma de higienizar os dentes e língua”, diz a professora.
Caso a gengivite não seja tratada, ela pode evoluir para a periodontite, um tipo de doença gengival mais grave em que há perda de osso e, em casos avançados, perda do próprio dente.
Previna-a!
A prevenção deve ser a principal meta a ser alcançada. Ela é muito mais fácil de ser obtida e demanda muito menos tempo e dinheiro para ser realizada em comparação com o tratamento da doença.
“Para isso, deve-se começar a levar o paciente desde a infância ao cirurgião-dentista. O odontopediatra irá orientar os pais sobre a forma adequada de higienizar a boca de seus filhos. Desta forma, ele se tornará acostumado ao ato e criará o hábito de realizá-lo. O dentista, ao acompanhar o desenvolvimento bucal da criança, também é capaz de orientar quanto à necessidade do uso de aparelho para corrigir alterações nas posições dos dentes que poderiam dificultar a sua higienização”, diz Luciana.
Ao se tornar adolescente, é importante que os pais estejam atentos às necessidades do indivíduo em relação aos cuidados bucais. Visitas regulares ao cirurgião-dentista também são necessárias. “Além disso, o adolescente deve estar ciente da responsabilidade que ele deve ter sobre a higienização bucal diária correta”, finaliza a professora.