Alarme falso: nariz pode enganar percepção de mau hálito
Fadiga olfatória e testes de internet não são confiáveis na hora de detectar se você está ou não com o problema
Ter mau hálito e muito desagradável, mas pior que isso é não saber que está com o problema, pois aí não é possível combatê-lo. Para isso, existem três formas de detectá-lo: pelo próprio nariz, por aviso de amigos e parentes, ou procurando diretamente um especialista. Nessa matéria vamos ver qual dessas opções é a mais eficiente e qual pode nos enganar.
Nariz e o falso diagnóstico
Se você achou que o nariz seria a forma mais certa e fácil de detectar o problema, errou. A realidade é que somos péssimos juízes de nosso próprio hálito.
“Nosso olfato acaba se acostumando com os odores após algum tempo de exposição e nos enganando devido a fadiga olfatória. Se tentarmos sentir nosso próprio hálito, com as mãos em torno da boca e nariz, provavelmente tudo o que vamos sentir será o cheiro das nossas mãos”, diz Maria Cecília Aguiar, presindete da Associação Brasileira de Halitose (ABHA).
E nem tente procurar dicas na internet, segundo a especialista, você só irá adiar o diagnóstico correto. “Diversos sites da Internet ensinam formas de verificar se o hálito está em dia ou alterado, porém não recomendamos esses métodos, pois não são confiáveis”, diz Maria Cecília.
Dentre elas, estão algumas técnicas famosas que com certeza você já ouviu falar ou até já usou como lamber o punho, esperar 10 segundos para a saliva secar e cheirar o local, passar uma gaze na parte de trás da língua e cheirar o tecido, passar o fio dental entre os dentes e cheirá-lo e expirar o ar dentro de um recipiente ou nas mãos fechadas em concha e tentar sentir o odor. Se identificou? Perda de tempo!
Gosto na boca
Muitas pessoas também se dizem capazes de avaliar o próprio hálito com base no gosto amargo, ácido, “estragado” ou desagradável que sentem em suas bocas.
“Olfato e paladar são sentidos diferentes e, embora em alguns casos halitose e alterações de paladar possam estar associados, é possível sentir gosto ruim e estar com hálito normal e vice-versa”, diz a especialista.
Toque amigo
Para Maria Cecília, a forma mais precisa para saber se você tem mau hálito, sem ir ao dentista, é perguntando a um amigo. “Perguntas como: “o odor de meu hálito costuma estar alterado?” ou “quando conversamos ou quando sopro em sua direção, você sente cheiro ruim?” dizem mais do que qualquer teste de internet”, diz a especialista.
Amigos e parentes têm enorme importância na conscientização sobre o mau hálito pois, após saber da alteração, a pessoa poderá procurar ajuda qualificada e solucionar a situação, minimizando danos na saúde, nos relacionamentos, na autoestima e na qualidade de vida.
“Muitas pessoas consideram constrangedor falar para um conhecido que seu hálito está desagradável. Porém, uma pesquisa da ABHA apurou que as pessoas que foram avisadas ficaram realmente gratas a quem as avisou e, embora em alguns casos tenham sentido constrangimento ou vergonha, o toque foi decisivo para que procurassem um tratamento adequado e solucionassem o problema. Avisar é, acima de tudo, uma prova de carinho e de amizade”, diz Maria Cecília.
Para as pessoas que não se sentem capazes de fazer esse aviso, existe um serviço da ABHA chamado “SOS Mau Hálito. “nele, a identidade de quem avisou permanece em sigilo e o portador da alteração é informado por carta ou e-mail sobre sua situação, recebe dicas para controlar o problema e uma listagem de profissionais qualificados no tratamento da alteração ao longo do país”, diz Maria Cecília.
Profissional é tudo!
No entanto, nada substitui a avaliação de um especialista. Como quase 90% das causas são de origem bucal, o profissional indicado para tratar o problema é o dentista e o primeiro passo para um tratamento eficiente e duradouro é um diagnóstico preciso.
“Inicialmente, o profissional realizará uma anamnese (histórico do hálito, odontológico, médico, hábitos e questões emocionais) e um exame clínico bucal. O paciente também será submetido a uma avaliação do hálito pelo teste organoléptico (avaliação através do olfato de um profissional treinado) e pela halimetria (equipamentos específicos com sensores para a mensuração de substâncias mal cheirosas)”, diz a especialista.
Com esses resultados em mãos, o profissional será capaz de determinar se a halitose é de origem bucal ou extrabucal (origem gástrica, das vias aéreas superiores, pulmonar e sistêmica). “Se a origem for da boca, o tratamento será realizado pelo cirurgião-dentista. Já nos outros casos, é necessário tratamento interdisciplinar com equipe que pode incluir nutricionistas, psicólogos e médicos”, diz Maria Cecília.