Câncer bucal: como se manter longe das estatísticas cruéis?
Fumo, excesso de sol sem proteção e má higienização fazem desse tipo de câncer o 5º mais comum entre os homens
A estimativa para o Brasil é de que 15.490 novos casos de câncer de boca sejam descobertos entre 2016 e 20017, sendo 11.140 homens e 4.350 mulheres, com aproximadamente 5.400 casos de mortes. Estes tipo de tumor ocupa hoje o 5° lugar em frequência entre os homens e representa 5% dos casos totais. Com base nisso, o que você está fazendo para se manter longe dessas estatísticas?
Apesar do câncer de boca ser multifatorial (várias causas), existem algumas que são mais perigosas que outras. “O fumo, por exemplo, é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento do câncer nessa região, principalmente quando associado ao etilismo crônico (uso de bebidas alcoólicas) que potencializa a agressão”, diz Fernanda Mota, Coordenadora do Serviço de Odontologia em Oncologia na Santa Casa de Misericórdia de Maceió.
Mas o cigarro não é o culpado por todos os casos. Uma higiene oral deficiente, traumas crônicos de baixa intensidade, como por exemplo próteses mal adaptadas, exposição solar sem proteção, fatores nutricionais (carência de alguma vitamina), infecção da boca por vírus como o HPV e a predisposição genética também colaboram para o aparecimento do problema.
Como percebê-lo
Segundo a especialista, qualquer lesão de boca que não cicatriza em 15 dias deve ser examinada por um dentista especializado no assunto. “Os sintomas são muitos, mas geralmente não há dor na fase inicial. Quando aparecem podemos ver úlceras, aumento de volume, dificuldade de deglutir e/ou de mexer a língua e aumento da região cervical (pescoço). Mas ao menor sinal de alterações de cor, textura e volume a ferida deve ser avaliada”, diz Fernanda.
Já a sua localização varia muito. Se a causa foi a infecção pelo vírus HPV, a lesão pode ser encontrada geralmente na língua ou na orofaringe. Já pessoas que trabalham diariamente sob o sol e sem proteção são mais suscetíveis ao câncer no lábio inferior.
“O fumo pode gerar o desenvolvimento do câncer no palato, orofaringe e língua. Se for um fumo de mascar, como é costume em algumas regiões do país, o problema pode se desenvolver na região entre os dentes e a bochecha”, diz a especialista.
Diagnóstico precoce
Com os fatores de risco devidamente listados, basta evitá-los para tentar se manter longe das estatísticas cruéis relacionadas a ele. No entanto, o diagnostico precoce também ajuda no combate a esse câncer.
“Quanto mais cedo for detectada a lesão e confirmado o diagnóstico de câncer, menos agressivo é o tratamento, melhor é a qualidade de vida e maiores são as chances de cura”, diz Fernanda.
O tratamento para o câncer oral depende da fase em que ele é detectado, podendo ser cirúrgico (se for mais no início) ou precisar de quimioterapia e radioterapia.
“A grande questão desse tipo de tratamento é a preparação do paciente para recebê-lo, pois os efeitos colaterais que eles causam são bem invasivos. A radioterapia, por exemplo, é bastante eficiente, porém agressiva aos tecidos sadios da região comprometendo, a depender da localização e dose, o fluxo salivar, a vascularização sanguínea nos ossos da face atingidos pela radiação, a musculatura e a articulação têmporo mandibular (ATM)”, diz a especialista.