Mãe é culpada por medo de dentista dos filhos, diz estudo
Segundo um estudo espanhol, elas são capazes de transmitir os mais altos níveis de medo para as crianças
Você cresceu tendo medo de dentista? Talvez a grande culpada disso tudo seja sua mãe; pelo menos é o que diz uma pesquisa feita pela Universidade do Rei Juan Carlos, em Madrid. Segundo esse estudo, as mães são capazes de transmitir os mais altos níveis desse tipo de medo o que, inevitavelmente, acaba atingindo os filhos.
O estudo, que foi publicado no International Journal of Paediatric Dentistry, analisou 183 crianças com idades entre 7 e 12 anos e seus pais. Todos receberam questionários para classificar seus medos em relação a vários temas médicos, inclusive claro, às consultas odontológicas.
Ao fim desse processo, os cientistas perceberam duas coisas: a primeira é que quanto maior o nível do medo de dentista de uma pessoa da família, maior será o medo da criança. E a segunda é que são as mães que transmitem os níveis mais altos desse medo.
Injustiçadas?
Para Ana Paula Pasqualin Tokunaga, cirurgiã-dentista e autora do blog Medo de Dentista, antes de fazermos julgamentos mais pesados contra as mães, é preciso analisar melhor a realidade atual para entender os resultados.
“As mulheres, de forma geral, têm mais facilidade em admitir que sentem medo, enquanto os homens tendem a negar. Não bastasse isso, é preciso considerar que no contexto machista em que vivemos a responsabilidade pela criação dos filhos, perante a sociedade, cai quase que por completo sobre a figura da mãe, embora isso, felizmente, venha mudando. Também, creio que ainda são as mães que levam mais os filhos às consultas ao dentista”, diz a especialista.
Pais unidos e sem medo
No entanto, algumas pessoas mais velhas realmente ainda associam as visitas ao dentista a dor por causa dos antigos tratamentos odontológicos que priorizavam a extração do dente e não a prevenção de problemas bucais. Mas esse fato é coisa do passado e é obrigação dos pais se conscientizar disso e evitar que seus medos sejam perpetuados para os pequenos.
“Se ir ao dentista é algo natural para os pais, um hábito, via de regra será para a criança. Já se ir ao dentista, no contexto de uma família, significa um evento excepcional gerado por uma situação de urgência, a imagem do dentista sempre será associada à dor e nunca à saúde”, diz Ana Paula.
Dicas para uma consulta feliz
Segundo a Associação Dental Americana (ADA), para tornar a visita ao dentista das crianças mais agradável os pais devem:
- Marcar a consulta na parte da manhã que é quando as crianças tendem a estar mais descansadas e tranquilas.
- Guardar a ansiedade e preocupação para si e enfatizar o lado positivo do momento, pois os pequenos captam as emoções negativas e postivias.
- Nunca usar a consulta com o dentista como punição ou ameaça.
- Nunca subornar a criança.
- Conversar e explicar para o seu filho tudo sobre a consulta.
“Associar a ida ao dentista com castigo é o maior erro que um pai e uma mãe podem cometer com relação a esse assunto, um erro que marcará a vida dos seus filhos para sempre”, diz Ana Paula.
Dentista também deve ajudar
O dentista também pode colaborar nessa missão para eliminar antigos medos. “É dever do dentista se apresentar como alguém que está ali pra ajudar, não para punir. A criança precisa entender, desde o primeiro contato com o odontopediatra, que ele é um amigo, alguém que quer oferecer saúde e bem-estar e não dor e incômodo. O dentista precisa ter calma, paciência, respeitar o tempo da criança e, se possível, transformar a consulta numa experiência divertida e que desperte seu interesse”, diz a especialista.
A prevenção é fundamental pra se interceptar problemas como cárie e gengivite ainda em estágio inicial. “Assim, evitamos que essas doenças cheguem a causar danos mais sérios, intervenções mais longas e invasivas. Ou seja, menos medo e mais saúde”, finaliza a especialista.