Mau hálito na academia é mais comum do que você pensa. Evite
Dietas exageradas e restritivas, jejuns prolongados e uso de termogênicos são os grandes vilões do mundo fitness
Quando imaginamos o ambiente de uma academia logo pensamos em pessoas bonitas e saradas. Mas existe um fator muito desagradável que também é bastante comum nesse contexto e que só sabe quem faz parte desse mundo fitness: o mau hálito. Dietas ricas em proteínas, jejuns prolongados, uso de termogênicos e desidratação são os principais causadores desse problema. Por isso, se você é um atleta assíduo de academia, fique ligado nessa matéria.
Para que tudo fique devidamente explicado, nós chamamos a presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), Maria Cecília Aguiar, para fazer a associação dessas causas com a halitose.
Muita proteína
As dietas ricas em proteínas e pobres em carboidratos são extremamente conhecidas no mundo da academia, pois ajudam a eliminar gordura corporal e a ganhar massa muscular.
“Porém, quando a pessoa elimina da sua dieta os carboidratos, favorece a queda do teor de glicose no sangue, fazendo com que o organismo passe a buscar energia alternativa na queima das gorduras. Esse processo libera resíduos conhecidos como “corpos cetônicos”, que são transportados através da circulação sanguínea até os pulmões e são eliminados pelas vias aéreas, liberando um odor desagradável com cheiro de manteiga rançosa ou fruta passada”, explica a especialista.
Mas não é só isso. Alimentos ricos em proteína de origem animal como carnes, ovos, leite e derivados, favorecem a produção de uma saliva diferente. “Ela fica mais rica em proteína e mais grossa, dificultando a autolimpeza bucal. Além disso, ela ainda serve de fonte de nutrientes para as bactérias bucais formadoras de maus odores. Na prática, ocorre maior acúmulo de biofilme lingual (saburra), um dos principais vilões do bom hálito”, diz Maria Cecília.
Jejum
Ficar longos períodos sem comer também causa mau hálito pelos mesmo motivos citados no item acima, afinal, nós já sabemos o que acontece quando o corpo fica muito tempo sem glicose.
“Hoje está em evidência uma prática chamada jejum intermitente ou intervalado que é um tipo de alimentação que intercala períodos de ingestão controlada de alimento com períodos de jejum absoluto, com a finalidade de ajudar a eliminar gorduras de forma mais intensa, mas que resulta também em halitose sistêmica (cetônica) e bucal”, diz Maria Cecília.
Suplementos termogênicos
Suplementos termogênicos são substâncias que aceleram o metabolismo dando mais energia e ajudando o corpo a queimar calorias. Não precisamos dizer que ele é o melhor amigo de quem quer melhorar sua performance durante a prática de exercícios.
Quando nos exercitamos, nosso organismo elimina água e sais minerais na forma de suor, devido à queima de calorias e com a finalidade de manutenção da temperatura corpórea. Quando o exercício é intenso e a ingestão de líquidos é menor do que o suor eliminado, ocorre um quadro de desidratação e a produção salivar diminui. Quem usa termogênicos sente esse efeito de forma ainda mais intensa.
“Esse ressecamento favorece a proliferação de microrganismos bucais e também a descamação de células de revestimento da mucosa da boca que se acumulam sobre a língua na forma de saburra e servem de fonte de alimento para as bactérias causadoras do mau hálito. Assim, tanto para o bom desempenho atlético quanto para evitar a halitose, é essencial se manter hidratado ao realizar exercícios”, diz a especialista.
Boa forma e bom hálito
Mas então quem faz academia diariamente está fadado ao mau hálito? Não necessariamente. Segundo Maria Cecília, seguindo as dicas abaixo é possível manter a boa forma e o hálito fresco sem crises.
- Alimentar-se a cada três ou quatro horas, preferencialmente em pequenas porções para que a salivação ocorra naturalmente.
- Consumir alimentos como maçã, cenoura crua, folhas e castanhas que são alimentos fibrosos, saudáveis e de poucas calorias que ajudam a limpar a boca e, assim, contribuem para um hálito fresco.
- Consumir diariamente frutas cítricas que excitam o paladar com o sabor azedo e estimulam o fluxo salivar.
- Hidratar-se bem antes, durante e depois do treino. Isso inclui beber água com mais frequência e consumir alimentos ricos em água, pois essa substância é a principal matéria prima para a formação da saliva.
- Ter uma rotina de higiene bucal caprichada, que inclui escovação dos dentes e uso de fio dental, além de limpeza da língua com gaze e limpadores de língua. Em alguns casos, é indicado o uso de enxaguantes bucais no fim desse processo.
- Manter uma dieta equilibrada com a ajuda de um nutricionista. Radicalismo alimentar nunca é uma boa opção.