Aparelhos ortodônticos estéticos valem a pena?
Eles oferecem um sorriso quase que natural, mas podem tornar o tratamento mais longo
Uma dúvida muito comum em adultos que precisam iniciar um tratamento ortodôntico é qual tipo de dispositivo escolher: o modelo convencional que é mais barato, mas oferece um sorriso metálico ou o modelo estético, febre entre as celebridades por ser quase invisível, mas mais caro? Se você tiver grana para arcar com a segunda opção, certamente irá escolher ela. Mas será que esses aparelhos são realmente eficientes?
Para nos ajudar com essa questão consultamos o cirurgião-dentista mestre e especialista em Ortodontia, Petrus Bernardi Lopes, que nos garantiu que, quanto a eficácia, capacidade dos procedimentos terapêuticos de resolver aquilo que se propõem a tratar, ambos os modelos são iguais.
“Por outro lado, eficiência é a capacidade de cumprir o objetivo terapêutico em um intervalo mínimo de tempo pré-determinado. Quanto a isso, os resultados são semelhantes, mas em geral o bráquete estético tem um tempo maior de tratamento”, diz o especialista.
Variáveis de tempo
Mas segundo Petrus, esse tempo de tratamento dos modelos estéticos vai depender de muitos fatores como a gravidade e o tipo de problema que o paciente tem, por exemplo.
“Existem várias maneiras mecânicas de movimentar os dentes. Em situações onde o ortodontista precisa deslizar o bráquete sobre o fio ortodôntico, estudos mostram que em geral os bráquetes estéticos têm mais atrito no fio quando comparados aos bráquetes metálicos”, diz o especialista.
Dentre os modelos estéticos, que podem ser de policarbonato, porcelana ou safira, existem marcas diferentes, umas com mais qualidade que outras. Isso também pode influenciar o tempo de tratamento.
“É o mesmo que compararmos um Gol 1.0 com uma Ferrari. Sendo que as “Ferraris” possuem materiais melhores na sua composição, apresentando um maior comprometimento estético, menor alteração de cor (amarelam menos) e o atrito mais parecido com o dos bráquetes de metal aumentando assim sua eficiência”, diz Petrus.
Ainda citando o exemplo dos carros, Petrus pontua outro motivo que pode influenciar no tempo de tratamento. “Não adianta ter uma Ferrari e não saber dirigir. O ortodontista pode influenciar na eficácia do tratamento. Por isso antes de iniciar um tratamento ortodôntico é muito importante certificar no site do Conselho Regional de Odontologia (CRO) se o dentista é especializado em Ortodontia”, diz o especialista.
Qualidade do material
Outra coisa com a qual você deve ficar atento na hora de escolher o seu aparelho estético é no material dele. “Policarbonato é tipo um plástico e suas propriedades são bem inferiores aos bráquetes cerâmicos e mancha muito. Os bráquetes cerâmicos como os Policristalinos (porcelana), que tem uma aparência branca mais leitosa e os Monocristalinos (safira) mais transparentes, quase não mancham”, diz o dentista.
Fragilidade
Outro ponto a ser destacado sobre os modelos estéticos, principalmente sobre o de safira, é a sua fragilidade. “Os bráquetes estéticos são fabricados com um material muito duro. O bráquete de safira pode ser até 9 vezes mais duro que o de metal. Além disso, a taxa de deformação destes bráquetes é praticamente nenhuma (até 1%, já nos de metal é 20%) o que caracteriza um matéria muito friável, ou seja, fácil de quebrar”, diz Petrus.
Mas o especialista faz questão de destacar. “O tratamento ortodôntico não será mais longo devido a fragilidade do bráquete estético. Tanto tratamentos com bráquetes estéticos como com os de metal acabam sendo mais longos do que o previsto quando os pacientes não seguem os cuidados que são recomendados pelo ortodontista”, diz o especialista.