Fim do motorzinho? Já é possível remover a cárie com laser
Nova técnica de remoção da carie funciona como um bisturi de luz, é menos dolorida e não precisar de anestesia
Quando falamos de cárie imediatamente vem em nossas cabeças pensamentos como dor, sensibilidade e a lembrança daquele barulhinho chato do motorzinho que o dentista usa para fazer sua remoção. A boa notícia é que essa associação está cada vez mais virando algo do passado. Hoje em dia já é possível remover a carie utilizando laser, sem anestesia e sem dor.
A técnica de remoção da cárie com laser nada mais é do que um procedimento que remove fisicamente o tecido cariado igualmente como já é feito há anos pelas brocas, porém, ao invés de atritar uma superfície áspera no dente, o laser aquece a região até quebrar as moléculas e “explodir” o tecido comprometido.
Segundo Kaue Campos Pavanello, cirurgião-dentista e diretor clínico da Omne Odontologia Integrada, existem dois tipos de laser para fazer esse tipo de tratamento, a de alta e o de baixa potência. Essa diferença tem a ver com o número de fótons que é depositado sobre o tecido quando o laser é acionado.
“O laser de alta potência tem efeito fototérmico. Com ele uma grande quantidade de fótons é depositada em uma pequena área destruindo o tecido em questão. Este tipo de laser funciona como um verdadeiro bisturi de luz, fazendo cortes de alta precisão nos diversos tecidos do corpo humano”, explica o especialista.
Fim do motorzinho!
E podem comemorar, a utilização desse laser para eliminar a cárie realmente substitui o temido motorzinho que espanta tantos pacientes dos consultórios odontológicos.
“Porém, após a eliminação da cárie ainda se faz necessário a utilização de materiais restauradores, como a resina composta, para reconstituir a parte do dente que foi perdida reestabelecendo a forma e a função do dente afetado, uma vez que o laser apenas remove o tecido cariado criando uma cavidade no dente”, diz Kaue.
Vantagens e desvantagens
A grande desvantagem desse tipo de tratamento é seu custo. O aparelho custa em média 25 mil dólares. “Pouquíssimos consultórios pelo mundo têm este tipo de tecnologia, inclusive um dos empecilhos para uma literatura mais sólida sobre estes aparelhos é dificultada justamente pelo seu alto custo”, diz Kaue.
Além disso, se formos comparar diretamente as duas técnicas, a da broca e a do laser, a convencional (do motorzinho do dentista) ainda é muito mais rápida e clinicamente apresenta um resultado melhor.
No entanto, existem pontos positivos que fazem com que ela seja uma técnica que valha a pena investir. Kaue garante que além das razões já citadas, como o fato dela não precisar de anestesia e causar bem menos dor do que a convencional, o calor do laser tem poderes interessantes.
“Devido ao calor gerado pelo laser ocorre uma mudança na estrutura química do esmalte, fazendo com que ele fique mais resistente a ataques ácidos, minimizando a quantidade de recidivas de cárie nas bordas das restaurações”, explica o dentista.
A alta temperatura do laser também acaba esterilizando a área onde ele é aplicado, o que não acontece na técnica das brocas. “Mesmo após a remoção do tecido cariado com a broca, o dente pode continuar contaminado pelas bactérias que causam a cárie, já o laser elimina estas bactérias diminuindo a chance de uma nova cárie aparecer”, diz Kaue.
Entre prós e contras uma coisa é fato, o laser para remoção de tecido cariado ainda está engatinhando na ciência mundial. “Podemos comparar estes lasers de hoje em dia com os computadores de 20 anos atrás que eram muito caros, ocupavam salas inteiras e necessitavam de muitos requisitos para funcionar. Mas vislumbrando um futuro pode-se afirmar que é uma técnica muito interessante que precisa ser aprimorada e barateada”, diz Kaue.