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Radiografias odontológicas podem causar câncer de tiroide?

Segundo especialistas, a exposição à radiação nesses exames é mínima e o protetor de pescoço tem função psicológica

29 dez 2016 - 08h00
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Quem está sempre ligado nas redes sociais deve ter visto um vídeo que andou circulando por aí associando os exames de mamografia e os odontológicos ao câncer de tireoide. Esse material, inclusive, citava o nome do popular e renomado médico Drauzio Varella como autor das informações. Correntes virtuais a parte, será que essas informações têm algum fundamento? Segundo nossas pesquisas, parece que não. 

Estudos mostraram que nunca foi comprovado cientificamente a relação entre o câncer de tireoide e a radiologia odontológica pela simples razão de que os exames radiográficos odontológicos utilizam doses pequenas de radiação x
Estudos mostraram que nunca foi comprovado cientificamente a relação entre o câncer de tireoide e a radiologia odontológica pela simples razão de que os exames radiográficos odontológicos utilizam doses pequenas de radiação x
Foto: Dmitry Kalinovsky / Shutterstock

Para quem não viu, o vídeo afirma que os casos de câncer de tireoide estão aumentando por causa da radiação emanada durante esses tipos de exames e ainda critica muitos profissionais que não oferecem aos pacientes protetores de chumbo para a garganta, fator que colaboraria ainda mais para o aumento da doença. 

Indignado com o uso indevido do seu nome, Drauzio Varella desmentiu a informação em seu site. “Nunca gravei nenhum programa afirmando que a mamografia causa câncer de tireoide. Esse tipo de afirmação confunde a população e é um desserviço”, disse o médico na sua página da internet. 

Radiografias odontológicas

Intrigados, principalmente em relação aos exames odontológicos, procuramos José Luiz Cintra Junqueira, cirurgião-dentista, doutor em Radiologia e em Ortodontia e diretor geral da Faculdade São Leopoldo Mandic, para esclarecer nossas dúvidas. Sem rodeios, o especialista foi direto. 

“As radiografias odontológicas não apresentam risco se forem usadas as ferramentas de radioproteção que médicos e dentistas conhecem e usam rotineiramente para auxiliar no radiodiagnóstico”, diz José Luiz. 

No entanto, a especialista faz questão de destacar que essa polêmica nem deveria ser levada em conta uma vez que a radiação emanada nesses exames é muito pequena. 

“Estudos mostraram que nunca foi comprovado cientificamente a relação entre o câncer de tireoide e radiologia odontológica pela simples razão de que os exames radiográficos odontológicos utilizam doses pequenas de radiação x.  E os pacientes se submetem à radiação poucas vezes”, diz o especialista. 

100 vezes menor

A Comissão Nacional de Mamografia divulgou uma nota em 2015 dizendo que os riscos de indução desse tipo de câncer depois de uma mamografia são insignificantes tratando-se de 1 caso detectado a cada 17 milhões de mulheres entre 40 e 80 anos.

Ainda segundo a nota, a dose de radiação que atinge a tireoide durante o exame é menor que 1% comparando-a com a dose que vai para a mama. No caso dos exames odontológicos a proporção é ainda menor. Para se ter uma ideia em números, a dose de radiação à qual o paciente é exposto em uma mamografia, que já vimos ser pequena, é mais de 100 vezes maior do que a dose em um raio-X odontológico.

A polêmica do colar de proteção

Segundo José Luiz, caso não seja oferecido os instrumentos de proteção adequados na hora do exame, o paciente deve exigi-los. “Devem ser exigidos o avental de chumbo e o colar de tireoide (proteção de pescoço) para radiografias intrabucais e extrabucais, além de observar se um dentista ou radiologista está responsável pelo exame”, diz o especialista. 

A polêmica existe porque em alguns exames, esse colar de pescoço pode prejudicar os resultados. A própria Comissão Nacional de Mamografia não recomenda seu uso alegando que pode interferir no posicionamento da mama, reduzindo a qualidade da imagem, interferindo no diagnóstico e levando à necessidade de repetições de exames.

E não é só isso. Eles ainda alegam que, como há uma exposição insignificante à radiação de outros locais que não seja a mama, o protetor teria mais uma função psicológica do que preventiva. 

José Luiz concorda em partes com a CNM. “Quando possível, recomendo usar o protetor, mas, em alguns exames ele realmente pode prejudicar o resultado. Caberá ao dentista especialista em radiologia decidir, porque se o foco da análise for próximo do pescoço, a imagem poderá ser prejudicada, sim”, diz o especialista. 

Fonte: Agência Beta Este conteúdo é de propriedade intelectual do Terra e fica proibido o uso sem prévia autorização. Todos os direitos reservados.
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