Restauração pode aumentar quantidade de mercúrio no sangue
Restaurações feitas de amálgama podem causar problemas no sistema nervoso, rins, cérebro, e coração
Um estudo feito pela Universidade da Georgia, nos Estados Unidos, apontou que restaurações feitas com amálgama (aquela cinza) podem aumentar os níveis de mercúrio no sangue. Esse dado preocupa por que a presença dessa substância no organismo, dependendo da sua dose, pode causar problemas no cérebro, coração, rins, pulmões e no sistema imunológico.
A pesquisa analisou cerca de 15 mil pessoas e constatou que aquelas que tinham mais de oito restaurações com esse material chegavam a apresentar até 150% a mais de mercúrio no sangue em comparação com aquelas que não tinham restauração nenhuma. O amálgama é composto em grande parte pelo mercúrio, além de prata (por isso a cor prateada), estanho e outros materiais.
Fato sabido
Para Rodolfo Sewaga, cirurgião-dentista da Clínica Allegra Odontologia, essa notícia não é exatamente nenhuma novidade. “Todo dentista já ouviu falar sobre a contaminação do mercúrio e seus efeitos devastadores pela ingestão de metais pesados. O mercúrio afeta gravemente o sistema nervoso, rins, coração, causa alergias, asma e os pacientes podem ter sintomas como ansiedade, irritabilidade, infecções gastrointestinais, dores musculares, dores nas articulações e fadiga”, alerta o especialista.
Segundo ele, os profissionais que levam a sério os riscos do amálgama, têm conseguido livrar um grande número de pacientes de doenças degenerativas graves como Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, doenças do colágeno, bem como enxaqueca, doenças endócrinas e um grande número de alterações funcionais.
“No entanto, experiências demonstram que os sintomas acima mencionados tendem a diminuir após a remoção do amálgama. Porém é preciso ter cuidado nesse processo de remoção para que não haja ingestão da substância. O tratamento geral de pacientes intoxicados pelo amálgama consiste em selênio, vitaminas E, C e B, zinco e magnésio”, diz Rodolfo.
Outros caminhos
A boa notícia é que hoje em dia o amálgama está caindo em desuso. Já existem outros materiais mais recomendados para se fazer restaurações dentárias como a resina composta e a porcelana.
“Esses materiais substituem tranquilamente, sem dor na consciência, o amálgama. A resina, já usada há mais de 20 anos, tem uma qualidade indiscutível e a porcelana é um material altamente estético e duradouro”, diz o especialista.
O ponto negativo da porcelana é seu custo alto, embora ela tenha um resultado estético muito melhor e uma durabilidade maior que a resina. Quanto ao tempo de execução (colocação), podemos dizer que são semelhantes para os dois materiais.
“A restauração com resina composta é realizada em única consulta, já a de porcelana, até pouco tempo, era feita apenas em laboratório de prótese e demorava até 3 consultas para terminar o trabalho. No entanto, hoje existe o “Cad Cam”, um equipamento que permite que o dentista realize em seu próprio consultório as restaurações em porcelana, possibilitando o término do trabalho também em uma única sessão”, diz o especialista.
Fim de uma era!
Para Rodolfo, não importa quais das duas você vai escolher, a resina ou a porcelana, o importante é exterminar o amálgama dos consultórios.
“O uso do amálgama já ficou no passado e hoje poucos profissionais ainda insistem no uso deste material. Mas acredito que em poucos anos ele será totalmente substituído. Seria interessante que a Vigilância Sanitária proibisse o uso do amálgama pelos dentistas. Enfim, seja por uma intervenção da ANVISA ou por todos os motivos relatados acima, o futuro do amálgama como material de restauração dos dentes, apesar da sua importância no passado, terá o seu fim”, diz o dentista.