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Saúde recebe estudo que amplia validade de testes encalhados

Prorrogação depende de aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

25 nov 2020 - 13h09
(atualizado às 13h14)
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O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira, 25, que recebeu estudos para ampliar a validade, para 12 meses, dos cerca de 7 milhões de testes RT-PCR encalhados em armazém da pasta que vencem nos próximos meses. A prorrogação depende de aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Saúde não informou por quanto tempo ainda poderá ser usado o teste que vence em dezembro, por exemplo, caso a validade seja prorrogada.

Funcionário de laboratório que realiza testes RT-PCR para Covid-19 em Vespasiana (MG)
23/07/2020
REUTERS/Washington Alves
Funcionário de laboratório que realiza testes RT-PCR para Covid-19 em Vespasiana (MG) 23/07/2020 REUTERS/Washington Alves
Foto: Reuters

A chegada do estudo ocorreu nesta quarta-feira, 25, segundo o secretário nacional de Vigilância Sanitária, Arnaldo Medeiros, em audiência pública na Câmara dos Deputados. A análise foi conduzida pela fabricante do produto, o laboratório coreano Seegene.

Medeiros disse que o prazo de validade do produto era apenas "cartorial", dado pela Anvisa para a entrada emergencial do produto no País. Mas a diretora da agência Cristiane Gomes afirmou que o prazo de validade, na verdade, foi dado pela própria empresa.

Segundo apurou o Estadão, a validade dos testes é de 8 meses. O produto deve ser armazenado a -20 graus. No domingo, a reportagem revelou que 7,1 milhões de exames estão em um armazém do ministério, ou seja, não foram enviados ao SUS em plena pandemia. Do total estocado, 96% (cerca de 6,86 milhões de unidades) estão próximos de perder a validade.

A diretora da Anvisa afirmou que a agência fará análise técnica sobre o pedido de ampliação da validade. Ela informou que a solicitação da pasta ainda não foi feita.

O secretário de Vigilância Sanitária falou aos deputados sobre a estratégia de testagem nacional, por meio do programa Diagnosticar para Cuidar. Ele não explicou, porém, a razão de o SUS estar distante da meta de realizar mais de 24 milhões de exames até dezembro. Segundo Medeiros, foram feitos somente 7,2 milhões.

O secretário também não citou a baixa entrega de reagentes para extração do RNA, insumo necessário para realizar a amostra laboratorial. A pasta enviou aos Estados cerca de 9,3 milhões de testes RT-PCR, mas apenas 3 milhões de reagentes de extração de RNA.

Consultor Técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Leonardo Vilela reforçou que os exames têm sido entregues de forma incompleta pelo ministério. Além disso, estimou que há 600 mil exames armazenados nos Estados que vencem em breve.

Segundo levantamento do Estadão com dados de 17 Estados e o Distrito Federal, perdem a validade em dezembro e janeiro ao menos 605,5 mil testes que já foram entregues pelo ministério.

Considerado "padrão ouro", o RT-PCR é um dos exames mais eficazes para diagnosticar a covid-19, além de ser arma poderosa para o controle da pandemia por ajudar a localizar e isolar infectados e seus contatos próximos. A coleta é feita por meio de um cotonete aplicado na região nasal e faríngea (a região da garganta, logo atrás do nariz e da boca) do paciente. Na rede privada, o exame custa de R$ 290 a R$ 400. As evidências de falhas de planejamento e logística no setor ocorrem em um período de aumento dos casos no País. Detalhe: o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, assumiu o cargo justamente por sua experiência em logística, sempre elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Estadão
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