Saúde usará laboratórios de criminalística e da Embrapa para testar coronavírus
Equipamentos usados para outros exames, como testes para HIV, também poderão ser usados
BRASÍLIA- Para aumentar a capacidade de testagem para o coronavírus, o Ministério da Saúde quer usar laboratórios de genética forense da Polícia Civil nos Estados, estruturas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de novos hospitais ligados ao Ministério da Defesa.
Também poderão fazer parte da estratégia de ampliação dos testes a formação de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e a utilização de equipamentos da rede de testes para HIV, hepatite e tuberculose, que estão em todos os Estados.
"A ampliação da oferta de diagnóstico é parte da resposta do Ministério da Saúde ao aumento do número de casos suspeitos e confirmados em território nacional e, infelizmente, com o registro dos primeiros óbitos", afirma boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
O texto ressalta que há uma limitação na capacidade dos laboratórios da rede do Ministério, já que apenas 10% conta com métodos automatizados para a extração do material genético e demais etapas de processamento. "Esse fato restringe a capacidade instalada para aproximadamente 2 a 3 mil exames diários no país, notadamente insuficiente para o controle da epidemia em um país com a população acima de 200 milhões de habitantes, com dificuldades logísticas e de acesso", completa.
De acordo com boletim, o Ministério da Justiça disponibilizou seus laboratórios da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, que tem uma unidade em cada unidade da federação controlado pelas Secretarias de Segurança Pública.
Serão utilizados principalmente os laboratórios do Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília/DF, e do Setor Técnico-Científico da Superintendência da Polícia Federal, em Porto Alegre/RS. Além de ceder laboratórios, os ministérios poderão emprestar equipamentos e recursos humanos.
No caso do Ministério da Agricultura, poderão ser utilizados laboratórios da Embrapa em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Hospitais ligados ao Ministério da Defesa também solicitaram insumos para realizarem testes moleculares, entre eles o Hospital Naval Marcílio Dias, Hospital Central do Exército, Hospital de Força Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) e Hospital das Forças Armadas, em Brasília (DF), que já vem fazendo testes.
O governo já comprou milhões de testes, mas ainda não recebeu, já que o insumo está escasso em um momento em que todos os países tentam aumentar a capacidade de testagem. De acordo com o boletim, o Ministério da Saúde distribuiu dois milhões de testes rápidos, com previsão de que mais sete milhões sejam distribuídos até o fim de maio. "Além disso, está prevista a abertura de chamamento público para a compra de mais 12 milhões de testes rápidos a serem distribuídos a estados e municípios", completa o texto.
Segundo o boletim, com a maior oferta de testes, a recomendação é que idosos, portadores de condições de riscos como cardiopatias graves, asma e diabetes e gestantes de alto risco tenham prioridade nos exames, e, em seguida, a população economicamente ativa, pessoas de 15 a 59 anos.