SBI pede fim do tratamento com cloroquina
A entidade diz que a substância não é eficaz nem na prevenção nem na cura da doença
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou nota nesta sexta-feira, 17, afirmando que dois estudos internacionais comprovaram que não há nenhum benefício clínico da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. No texto, a entidade diz que a substância não é eficaz nem na prevenção nem na cura da doença. O presidente Jair Bolsonaro, que afirmou ter diagnóstico do novo coronavírus na semana passada, disse estar tomando o remédio e defende o uso para pacientes com sintomas leves.
De acordo com a SBI, um dos estudos avaliou pacientes em 40 Estados americanos e três províncias do Canadá. O grupo que recebeu hidroxicloroquina em comparação aos pacientes que receberam placebo não teve redução nos sintomas. Mais da metade deles recebeu a substância um dia depois de sentir mal-estar. Cerca de 43% tiveram efeitos colaterais como dores abdominais, diarreia e vômitos.
Outro estudo, na Espanha, não detectou nenhum avanço clínico ou virológico entre aqueles que tomaram hidroxicloroquina e receberam placebo. "Com essas evidências científicas, a SBI acompanha a orientação que está sendo dada por todas as sociedades médicas científicas dos países desenvolvidos e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a hidroxicloroquina deve ser abandonada em qualquer fase do tratamento da covid-19", afirma o texto da SBI.
A entidade também pede que a cloroquina deixe de ser usada como tratamento da covid-19, que os órgãos públicos reavaliem orientações de uso de medicamentos comprovadamente sem efeito e que os recursos públicos sejam usados em anestésicos, bloqueadores neuromusculares e aparelhos para o tratamento da doença, em falta na rede pública.