Sim, protetor solar protege couro cabeludo contra câncer de pele
Exposição do couro cabeludo ao sol pode resultar em câncer de pele na região
Protetor solar da cabeça aos pés. Você provavelmente já ouviu essa recomendação. Mas para ser mais específico, é necessário ir um pouco além: protetor solar da ponta do fio de cabelo aos pés.
“Ao contrário do que muitas pessoas pensam, já que o cabelo é uma fibra morta, ele sofre sim ações maléficas pelos raios solares. O raio UVB danifica a cutícula do cabelo, a camada mais externa que reveste a medula e o córtex. Então quando a cutícula é danificada pelo sol, ela expõe as camadas mais profundas do cabelo, além de ficar ressecada, endurecida e encolhida", explica a Lilian Brasileiro, médica especialista em Dermatologia, coordenadora e palestrante em eventos sobre tratamentos capilares.
"A partir daí, acontece a perda de umidade e o desbotamento da cor, então o cabelo fica opaco, mais enfraquecido, mais quebradiço, menos maleável, menos elástico. Outra coisa que o sol faz é aumentar muito a produção de óleo pelas glândulas seborreicas do couro cabeludo. E, então, deixa o couro cabeludo mais oleoso, com mais propensão a uma dermatite seborreica”, completa.
E quanto mais enfraquecido está o cabelo, mais ele deixa de proteger a pele que está abaixo dele: “No couro cabeludo, os danos mais temidos são os cânceres de pele como os carcinomas basocelulares e espinocelulares”, acrescenta Danilo S. Talarico, professor nos cursos de Dermatologia, Tricologia, Transplante Capilar (Cirurgia Capilar) e Medicina Estética no Centro Universitário Ítalo Brasileiro e na Faculdade Primum (Antigo Instituto BWS)
Use protetor solar no cabelo
Para evitar todos esses danos, os médicos indicam o uso do protetor solar específico para o cabelo sempre que houver exposição direta ao sol.
“Quando sofrer exposição direta do sol, mesmo em dias nublados, o paciente deve usar o produto e é necessário considerar a reaplicação a cada duas horas, mas caso não seja um dia ensolarado pode estender para 4 horas esse intervalo”, explica Danilo.
“Via de regra geral, aplicamos o filtro solar nos cabelos secos 20 minutos antes da exposição solar; se for para a água, de preferência uma meia hora, 40 minutos, para que o produto seque um pouco no cabelo. E toda vez que entrar na água ou ir a qualquer atividade que transpire extremamente, é indicado reaplicação desse produto”, completa Lilian Brasileiro.
Segundo a médica, o protetor solar comum, do rosto e corpo, pesa nos fios, deixando o cabelo com aparência e aspecto ruim.
“Então, o ideal é que se use um filtro solar específico para cabelo, em uma forma mais leve, em formato de bruma, sempre em spray. O produto deve ser aplicado em toda a superfície do couro cabeludo. Sempre a proteção física é mais importante. Então, quem tem um cabelo longo, pode fazer um rabo de maneira que o próprio cabelo proteja o couro cabeludo, e aí sim passar essa bruma sobre o cabelo preso e não diretamente no couro. Dessa forma, há a proteção do fio com a bruma e o cabelo e a bruma protegem o couro cabeludo, lembrando que esse é um sítio muito importante de câncer de pele”, explica Lilian.
“E um câncer de pele que muitas vezes fica oculto e quando há a descoberta de um melanoma em couro cabeludo, ele já está dando metástase, porque é uma pinta de difícil diagnóstico”, lembra a médica.
“O foco de ação dos filtros solares capilares é a haste capilar, então evite a raiz e concentre no comprimento e pontas dos fios”, comenta o Danilo.
“E sempre o ideal é usar boné, chapéus, principalmente aqueles que também tem proteção UV. Chapeuzinho furado, de palha, não são interessantes porque a radiação passa”, diz Lilian. O médico reforça que o ideal é sempre apostar na combinação entre ambos: “A sinergia das proteções fará uma proteção adequada”.
Cabelos escuros sofrem mais
E as pessoas que têm cabelo mais escuro podem ter mais danos, segundo os médicos, mas isso não isenta as loiras e ruivas de usar o protetor solar.
“Pelas leis da física, quando temos uma cor mais clara, ela reflete mais a luminosidade, isso implica em uma absorção menor da radiação solar no caso os cabelos ruivos e loiros com a feomelanina, já os mais escuros absorvem mais devido terem eumelanina”, diz Danilo.
“Então, como ele absorve mais radiação UVB, ele pode ter maiores danos que o cabelo claro. Já o cabelo claro, o loiro e o cabelo ruivo, ele tem uma tendência maior a refletir a luz solar. E ele tem menos ressecamento, menos estrago, menos danos, que um cabelo castanho, um cabelo preto, mas ele tem um desbotamento da cor que pode ser mais importante até que o cabelo escuro. Então ambos precisam caprichar na proteção solar dos fios”, completa Lilian.
Por fim, os médicos ressaltam que o protetor solar não deve ser confundido com o protetor térmico. “O protetor solar para cabelo protege os cabelos dos danos causados pelos raios UV, enquanto o protetor térmico protege os cabelos dos danos causados pelo calor (infravermelho)”, sintetiza Danilo.
“O protetor térmico é desenvolvido para proteger o cabelo de altas temperaturas; ele sempre tem na base dele algum óleo ou silicone, que faz a difusão do calor; que tira o calor daquele ponto único e distribui, fazendo com que o calor se difunda. Então ele é importante para casos quando a gente vai usar uma ferramenta modeladora, chapinha, aqueles modeladores”, finaliza Lilian Brasileiro.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.