Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Síndrome da fadiga crônica atinge mais mulheres e quem teve Covid ou dengue

A falta de conhecimento sobre a doença tem exposto pacientes a diagnósticos equivocados e à estigmatização

15 abr 2024 - 06h55
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
Laura Silva teve covid-19 em 2021 e desenvolveu Síndrome de Fadiga Crônica (EM/SFC) 6 meses depois. Uma pesquisa do ICB-USP mostrou que a doença era observada em 10-20% dos se curaram do vírus. Um estudo diz que 13-45% dos pacientes podem desenvolver a doença.
Síndrome da fadiga crônica atinge mais mulheres e quem teve Covid ou dengue:

A pedagoga Laura Silva, de 47 anos, tinha uma vida normal até dezembro de 2021, quando pegou covid-19. Desde então, sua saúde nunca mais foi a mesma. Sintomas como cansaço extremo, dificuldade de concentração, intolerância aos esforços cotidianos e sonolência excessiva se tornaram comuns na rotina. A fadiga, que começou no quarto dia de sintomas, persistiu. Seis meses depois de ter testado positivo para covid-19, a pedagoga recebeu o diagnóstico de encefalomielite miálgica, também conhecida como síndrome da fadiga crônica (EM/SFC), uma doença ainda pouco diagnosticada.

No Brasil, o Ministério da Saúde não tem dados sobre quantas pessoas convivem com a síndrome, embora um estudo do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), divulgado na revista Frontiers in Immunology em 2022, relacione a doença com a pandemia. Os pesquisadores mostraram que a condição era observada em cerca de 10% a 20% das pessoas que se curaram da covid-19, mas continuavam com sintomas. Dos 80 pacientes participantes da pesquisa da USP que tiveram covid-19, metade desenvolveu a síndrome da fadiga crônica. No ano passado, um estudo divulgado pela mesma publicação estimou que 13% a 45% dos pacientes que contraíram o vírus podem desenvolver a doença. 

Até chegar ao reconhecimento da sua condição, Laura Silva enfrentou situações constrangedoras no trabalho, preconceito e diagnósticos incorretos, que associavam seus sintomas à depressão e ansiedade. “Os médicos diziam que era para tomar remédio, fazer atividade física e seguir a vida”, lembra. “Eu tenho dificuldade enorme de ficar em pé parada e sentada com as pernas para baixo. Em uma reunião importante, por exemplo, tive que ficar isolada do grupo, sentada com as pernas para cima. Antes de eu ser afastada do trabalho, pensavam que isso fosse alguma ‘mania’ minha”, diz. 

A síndrome da fadiga crônica é uma doença ainda sem cura. Os sintomas aparecem, em mais de 80% dos casos, depois de uma infecção viral, sendo três vezes mais comum na população do sexo feminino. Outro dado alarmante é que 91% das pessoas afetadas nos Estados Unidos são diagnosticadas erroneamente com outras condições, como depressão. 

A falta de informação tem exposto pacientes à estigmatização tanto no mercado de trabalho quanto na vida pessoal. É comum que os sintomas sejam minimizados ou relacionados com questões psicológicas. 

A professora da disciplina de pneumologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Eloara Campos explica que muitos pacientes com a síndrome acabam recebendo diagnósticos de depressão e ansiedade. “Até porque não tem como um paciente com uma doença crônica não desenvolver um pouco de ansiedade ou depressão. Às vezes ansiedade é uma consequência, porque a pessoa já passou tantos anos atrás de médicos, especialistas, exames e nunca teve uma resposta.”

Campos começou a estudar a doença com afinco durante a pandemia de covid-19, após ter recebido pacientes que melhoraram dos sintomas respiratórios e das queixas pulmonares, mas se mantinham com fadiga. A professora da Unifesp explica que cerca de 25% dos pacientes com a síndrome estão acamados e 50% não conseguem mais ter uma vida laboral e social como antes; muitos, inclusive, param de trabalhar. 

Além de não ter cura, a doença não tem um marcador biológico que ateste sua existência, como um exame de glicose que diz se a pessoa está diabética, por exemplo. A ausência desse marcador dificulta processos de trabalho como afastamento e aposentadoria. O diagnóstico é clínico: mais de três meses sentindo cansaço que não melhora com descanso, piora dos sintomas após esforços mínimos e um sono não reparador. 

Assista ao vídeo com o comentário de André Forastieri.

Fonte: Agência Pública

(*) André Forastieri é jornalista e empreendedor, fundador de Homework e da agência de conteúdo e conexão Compasso, e mentor de profissionais e executivos. Saiba mais em andreforastieri.com.br.

Homework Homework
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade