SP quer R$ 130 milhões para ampliar produção de vacina
Governo do Estado diz já ter arrecadado R$ 96 milhões; valor seria para ampliar capacidade de fábrica do Instituto Butantã, que testa produto desenvolvido na China
O Estado de São Paulo abriu um processo para arrecadar fundos de até R$ 130 milhões para investir na reforma de uma fábrica do Instituto Butantã. A meta é permitir que a capacidade de produção de vacinas do instituto passe de 60 milhões para 100 milhões de doses por ano. O instituto participa do desenvolvimento de uma vacina que vem sendo testada para o combate ao coronavírus, em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech.
Segundo o governador João Doria (PSDB), empresários de São Paulo já se comprometeram a doar R$ 96 milhões para esse objetivo. A vacina, caso se mostre eficiente no processo de testagem que ainda está em início no País, terá de ser aplicada em duas doses para ser eficaz na prevenção da covid-19. Por isso, com a atual capacidade, o Butantã não teria como atender todo o País.
Doria afirmou ainda que há conversas sobre a exportação da vacina, se ela passar nos testes, para países vizinhos da América do Sul.
"Fomos procurados por países vizinhos com interesse na aquisição da vacina CoronaVac contra o coronavírus. O Instituto Butantã tem sido procurado por instituições médicas de governo e privadas interessadas em obter informações sobre a produção da vacina, o que aumenta também a esperança de poder atender países do nosso continente, especialmente aqui da América do Sul. Mas, para isso, nós temos que aumentar a capacidade de produção do Instituto", disse o governador Doria.
O presidente do Butantã, Dimas Covas, disse que a vacina poderá estar pronta no começo do ano que vem, caso passe nos testes.
Covas voltou a afirmar que, por ser feita a partir de uma tecnologia já conhecida, a vacina chinesa poderia ser produzida com maior rapidez. "A vacina tem grande chance de ser introduzida muito rapidamente para vacinação em massa, e o Brasil tem grande chance de ser um dos primeiros países onde isso venha acontecer", disse.
O presidente do Butantã também voltou a falar sobre a parceria com a Sinovac, que coloca o Butantã como co-desenvolvedor da vacina, totalmente responsável pela fase 3 da testagem. "O Butantã é o responsável por essa fase. É quem financia, é quem controla o estudo. Ou seja, nós temos uma grande responsabilidade e somos, entre aspas, o dono desse estudo", disse.
O acordo com a Sinovac, que está sob sigilo, prevê, segundo Covas, o fornecimento de 120 milhões de doses em duas remessas. Desse modo, seria preciso haver investimento extra atender toda da demanda do País e para o envio do produto a outros locais. "Precisamos desse dinheiro sim, porque vai agilizar" a reforma da fábrica do Butantã, disse Covas.
Os testes da vacina da Sinovac em São Paulo começaram no Hospital das Clínicas, e serão feitos com profissionais da área médica. O Butantã tem uma rede de 12 instituições, como o HC, que farão os testes em seis Estados.