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Sucesso entre crianças, 'arma de gel' já deixou mais de 50 feridos e traz riscos à saúde

Brinquedo que se popularizou no país pode causar problemas permanentes nos olhos e na visão; médico alerta sobre o risco até de cegueira.

17 dez 2024 - 13h46
(atualizado às 13h47)
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Armas e bolinhas em gel vendidas por ambulantes na Ladeira Porto Geral, na região da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo.
Armas e bolinhas em gel vendidas por ambulantes na Ladeira Porto Geral, na região da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo.
Foto: Taba Benedicto

Após se tornarem populares em todo o país, as armas que disparam "balas de gel" estão gerando preocupação entre autoridades, pais e especialistas. O brinquedo, que atira pequenas bolinhas de gel, já foi proibido nas cidades de Olinda e Paulista, no Grande Recife, onde deixou mais de 50 pessoas feridas, de acordo com a Fundação Altino Ventura (FAV).

Na internet, o brinquedo - desejo de muitas crianças para o Natal - é comercializado em diversas versões, com capacidades de armazenamento de bolas de gel que variam. O preço pode chegar até R$ 400, e as bolinhas também são vendidas separadamente, com valor de até R$ 30.

Bolinhas podem cegar

A brincadeira, que parece inofensiva, pode ser prejudicial aos olhos e causar ferimentos que prejudiquem a visão. Em entrevista ao Terra Você, o médico oftalmologista, Tiago César Pereira Ferreira, conta que o impacto direto no olho pode resultar em:

  • Abrasões na córnea;
  • Uveítes (inflamações intraoculares);
  • Sangramentos;
  • Hemorragia vítrea;
  • Descolamento de retina, com potencial risco de perda visual permanente.

“O risco é agravado pela ausência de proteção adequada, como óculos de segurança, durante o uso dessas armas, o que torna o olho vulnerável ao impacto direto”, explica o especialista.  

Como identificar lesões causadas por bolinhas de gel nos olhos?  

O médico conta que os sintomas de lesões oculares causadas por bolinhas de gel variam conforme a gravidade do trauma, mas podem incluir:

  • Dor ocular intensa;
  • Vermelhidão;
  • Lacrimejamento excessivo;
  • Sensação de corpo estranho no olho;
  • Visão embaçada ou turva;
  • Aparecimento de manchas escuras na visão ou flashes de luz, que podem indicar descolamento de retina. 

“Hemorragias ou inchaço na região também podem ser observados. Sintomas como esses devem ser levados a sério, pois mesmo traumas considerados leves podem evoluir para complicações oculares mais graves se não forem avaliados por um especialista em tempo adequado”, alerta o médico.  

Quando procurar um especialista?  

A avaliação por um oftalmologista deve ser imediata em casos de trauma ocular, mesmo que os sintomas pareçam mínimos. Qualquer impacto direto nos olhos, como aqueles causados pelas bolinhas de gel, pode causar microlesões ou complicações silenciosas, como sangramentos internos e inflamações. 

“Sinais como dor persistente, visão turva, sensibilidade à luz, lacrimejamento excessivo ou sensação de corpo estranho indicam a necessidade urgente de atendimento médico especializado”, afirma o oftalmologista. 

O médico ainda destaca que a demora na avaliação pode comprometer o prognóstico, tornando a recuperação mais difícil e aumentando o risco de sequelas visuais permanentes.  

Tratamentos e recomendações 

O oftalmologista explica que o tratamento para lesões oculares causadas por bolinhas de gel depende da gravidade do trauma. Em casos leves, como pequenas abrasões na córnea, o uso de colírios lubrificantes ou antibióticos pode ser suficiente para prevenir infecções e aliviar os sintomas. 

Em situações mais graves, como uveítes ou hemorragias oculares, colírios anti-inflamatórios, analgésicos e, eventualmente, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias.

Complicações como descolamento de retina exigem tratamento cirúrgico urgente para evitar perda permanente da visão. Além do tratamento, é fundamental seguir as orientações médicas, evitar coçar os olhos e manter repouso ocular. 

“O acompanhamento contínuo com o oftalmologista é essencial para monitorar a evolução do quadro e garantir uma recuperação adequada. A melhor forma de evitar essas lesões é a prevenção, utilizando óculos de proteção durante brincadeiras e conscientizando crianças e responsáveis sobre os riscos associados ao uso dessas armas”, conclui o especialista.

Fonte: Redação Terra Você
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