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Telemedicina: passada a pandemia, será que ela vingou?

Lá se vão quase quatro anos desde que ficamos trancados em casa vendo a vida através da tela. Fui investigar a aceitação do modelo

2 dez 2023 - 06h10
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Foto: Freepik

Como está a adesão da telemedicina no pós-pandemia? Essa pergunta vem martelando a minha cabeça nos últimos tempos. É que, com a retomada da rotina anterior a da pandemia de Covid-19, eu fico pensando o quanto esse tipo de tecnologia que almeja mais praticidade e segurança para os serviços de saúde virou verdadeiramente um hábito, com uma maior aceitação de todos os envolvidos, como médicos e outros profissionais da Saúde e pacientes. Será que a aceitação permanece em alto nível?

Bem, ao que tudo indica a resposta é não. Segundo dados da TIC Saúde 2022, que investiga justamente como está a infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação nos estabelecimentos de saúde do Brasil, somente 33% dos médicos e 26% dos enfermeiros atenderam pacientes por teleconsulta no último ano. Se pensarmos no monitoramento remoto de pessoas com doenças crônicas - situação em que a telemedicina pode mudar verdadeiramente o curso do tratamento - esse número é de 29% para enfermeiros e 23% para os médicos. 

Me parece tão pouco ainda, diante do potencial que a tecnologia tem de mudar o acesso à Saúde e, finalmente, o modelo de negócios do setor. 

É claro que muita coisa já mudou. Antes da pandemia, para quem não se lembra, a discussão sobre telemedicina envolvia questões regulatórias que atrasaram muito o uso do modelo. Com a urgência sanitária isso acabou, as aprovações aconteceram e muitos de nós pudemos experimentar as vantagens de usar a telemedicina. Por exemplo, com a ampliação do acesso aos nossos dados de saúde pelo formato digital: hoje, recebemos receitas digitais e acessamos resultados de exames sem precisar nos deslocar até o laboratório. Mas ainda é pouco. 

Talvez a mudança cultural que vivemos na pandemia ainda não seja suficiente  para que a adesão seja ainda maior. E isso vale tanto para os profissionais como para as operadoras de Saúde e/ou instituições de Saúde Pública.

A teleconsulta, por exemplo, que é uma tecnologia disponível há bastante tempo [pelo menos duas décadas], ainda encontra certa resistência em sua utilização por receio da segurança da informação. E para que isso mude, não tem jeito, é preciso investimento em segurança de dados e que as pessoas se capacitem no uso da ferramenta. 

Se isso ocorrer, as possibilidades futuras são inúmeras: desde a quebra de barreiras geográficas até o intercâmbio de inteligências em prol da Saúde. Um caso raro no Brasil pode ser discutido com uma equipe no exterior que já tratou essa doença - e vice-versa. Ou então um atendimento em uma região remota pode ser feito de maneira virtual, levando o médico onde ele precisa estar. 

A telemedicina é uma ferramenta muito rica para não estar sendo bem aproveitada até mesmo do ponto de vista econômico no setor de Saúde: suas soluções para armazenamento de dados, gestão de informações e análise de dados são a essência de uma medicina preditiva mais eficaz e resolutiva para todos. 

Por isso, retomo a pergunta para que você me responta: como você está usando a telemedicina no pós-pandemia?

(*) Rodrigo Guerra é especialista em finanças e inovação. No Unbox Project, do qual é fundador, realiza uma curadoria de conteúdos fundamentais para impulsionar as mudanças urgentes e necessárias de pessoas, negócios e da sociedade.

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