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Tendinite: uso do celular e computador agravam inflamação

O ortopedista Diego Falcochio traz informações a respeito dessa inflamação que atinge os tendões

4 abr 2023 - 06h24
(atualizado às 11h40)
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Tendinite: Uso do celular e computador, entenda a relação.
Tendinite: Uso do celular e computador, entenda a relação.
Foto: Sou Mais Bem Estar

A inflamação nos tendões, também conhecida como tendinite, pode atingir diversas áreas do corpo, especialmente em regiões como cotovelos, joelhos, ombros e mãos. Nesse último caso, inclusive, um dos motivos pode ser pelo uso de computadores e celulares.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 1 em 100 pessoas desenvolve os dolorosos sintomas de uma tendinite. Esta sendo uma das causas mais comuns para a ausência no trabalho, pois pode ser desencadeada por movimentos repetitivos feitos com preparo inadequado.

Sendo assim, se não tratado, pode tornar-se uma condição crônica. Dessa forma, ao ter uma inflamação recorrente, o indivíduo poderá ser impossibilitado de executar algumas ações que desencadeiam dor constante na região. Para evitar um cenário caótico é recomendado que busque um médico após a primeira manifestação de sintomas.

Por isso, pensando em abordar os aspectos centrais da temática, o ortopedista Diego Falcochio* traz mais informações sobre a tendinite. Assim, você entenderá a relação do uso de celulares e computadores com a condição. Boa leitura!

Como saber se estou com tendinite?

A dor na região afetada é a principal manifestação da condição. Ela atinge áreas específicas e também se manifesta como dor irradiada. Ou seja, você pode estar com tendinite apenas no pulso, mas o incômodo será sentido no braço inteiro. Além da dor, alguns dos principais sintomas são:

  • perda de força;
  • crepitação ou "rangido";
  • travamento.

De acordo com o Diego Falcochio, esses são os principais sintomas que cercam a manifestação da tendinite. Ela também pode apresentar inchaço local. Ao sentir esses sintomas é necessário procurar uma ajuda profissional para iniciar os tratamentos necessários para que não evolua para uma condição crônica.

O diagnóstico é feito clinicamente, por meio de exames físicos e anamnese, esse último consiste em uma entrevista feita pelo médico para que tenha ciência do histórico do paciente de forma detalhada. O Dr. Diego Falcochio também afirma que podem ser solicitados exames complementares como radiografias, ultrassonografias e ressonância magnética. 

O uso de celulares e computadores pode causar tendinite?

As causas da inflamação são variadas e podem ser consequência de traumas locais ou uso excessivo e repetitivo de áreas específicas do corpo. Além disso, ela também pode ser associada ao sedentarismo, infecção na região dos tendões, pode ser causada por doenças secundárias ou até mesmo por predisposições genéticas. Mas um dos vilões da atualidade são os computadores e celulares.

"Hoje, uma causa muito comum da tendinite é o uso de celular. Digitar de forma não ergonômica, segurar o aparelho em posição ruim, usar demais os polegares", afirma o Dr. Diego Falcochio. Diversos profissionais da área da saúde pontuam sobre os malefícios do uso excessivo das tecnologias e a pandemia pode ter sido um agravante para a situação.

O covid-19 isolou muitas pessoas em suas casas, e com isso promoveu o uso constante da tecnologia para a execução de atividades, sendo profissionais e/ou de entretenimento. Por meio dos celulares, tablets, videogames e computadores, este último sendo "uma causa "consagrada" de tendinite.

A ergonomia ruim do home office, forçado pela pandemia, aumentou a quantidade de pessoas afetadas", de acordo com o ortopedista. Além de ser uma das causas mais comuns para o desenvolvimento da tendinite, a digitação ainda pode agravar o quadro, para estes pacientes, a atenção com a digitação deve ser reforçada. Segundo o especialista, as mãos e os punhos são as regiões com maior incidência da inflamação.

"Esses são os locais mais comuns de termos tendinites, apesar de elas poderem acontecer em todo o corpo. Em alguns períodos da vida, como no puerpério (logo após dar à luz a um bebê), na velhice e em pacientes que têm determinadas doenças crônicas (como diabete melito, artrite reumatóide e hipotireoidismo) têm chance muito aumentada de desenvolver tendinite", afirma o Dr. Diego Falcochio.

Quais são os possíveis tratamentos para a tendinite?

Existem várias opções de tratamento, elas se modificam para cada tipo de lesão. O Dr. Diego Falcochio destaca que existem 4 opções que são mais usadas na hora de tratar uma lesão dessa natureza, são elas:

1. Órtese

Nos quadros agudos, é possível utilizar tala, gesso ou a órtese contínua por alguns dias, a fim de diminuir a dor. Após esse período, devemos passar para uso noturno. A utilização desse dispositivo visa imobilizar a região afetada. Usar a órtese durante o dia pode diminuir os sintomas, todavia, enfraquece a musculatura ao redor do punho, podendo aumentar a dor e atrapalhar o fortalecimento a médio e longo prazos. Dessa forma, é indicado que seja um tratamento temporário.

2. Medicação

Medicações analgésicas a anti-inflamatórias são excelentes para controle da dor na fase aguda. Na fase crônica, é possível utilizar relaxantes musculares e medicamentos para dor.

3. Reabilitação

Fazer Terapia Ocupacional ou Fisioterapia é quase obrigatório. Na reabilitação se consegue melhorar o controle da dor, fazer alongamentos e iniciar o fortalecimento que vai prevenir a recidiva da tendinite.

4. Tratar a causa

Se o paciente retornar à atividade que iniciou a inflamação, sem melhorar a postura, sem mudar a forma como faz força, sem se preocupar com a posição da mão para realizar o movimento, a tendinite tende a voltar. Então, além do alongamento e fortalecimento da região, precisa-se mudar o modo de execução das atividades.

Quais são as consequências do não tratamento?

"Com o tratamento, em casos leves e moderados, o quadro costuma amenizar e se pode retornar às atividades de vida diária, laboral, atividades físicas e hobbies", afirma o ortopedista. Contudo, quando em fase aguda, a tendinite pode ser uma condição incapacitante.

Em casos crônicos esse retorno pode ser dificultoso. A manifestação da condição tende a ser mais acentuada e retorna após a volta das atividades que inflamaram o tendão, mas mesmo com a possibilidade de retorno a busca por um tratamento adequado é essencial.

"Não se tratar das tendinites faz com que os quadros se agravem. Para quase todas as doenças, é muito mais fácil, rápido e eficaz buscar um tratamento nas fases iniciais. Contudo, nas tendinites crônicas, os quadros podem deixar sequelas, mesmo após o tratamento adequado", finaliza o Dr. Diego Falcochio

*Prof. Dr. Diego F. Falcochio é Ortopedista Especialista em Mão e Microcirurgia, Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Professor Instrutor da Faculdade Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Assistente do Grupo de Cirurgia da Mão e Microcirurgia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Coordenador Geral da Comissão de Residência Médica da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2019, 2020), Membro da Comissão de Educação Continuada da Sociedade Brasileira se Cirurgia da Mão (2018, 2019, 2020), Presidente da Comissão de Controle de Material Ortopédico da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) (2018, 2019) e Membro Fixo da Câmara Técnica de Implantes da Associação Médica Brasileira (2018, 2019, 2020)

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