Ter mais refeições em família diminui o estresse, revela pesquisa;
Pesquisa da American Heart Association relaciona as refeições em família com a redução do risco de desenvolver transtornos emocionais e alimentares
Em muitos casos, a família pode ser a principal fonte de estresse de alguém, mas isso também pode ter o efeito contrário. Uma nova pesquisa da American Heart Association mostrou que fazer as refeições à mesa junto dos familiares pode diminuir esse sintoma tão prejudicial à saúde.
O que o estudo descobriu sobre a relação entre as refeições e o estresse
Dos mil voluntários dos Estados Unidos entrevistados em setembro de 2022, a grande maioria (84%) diz que gostaria de compartilhar uma refeição com mais frequência com os entes queridos, e quase todos os pais (91%) relatam níveis mais baixos de estresse entre sua família quando eles se conectam regularmente durante uma refeição.
"Compartilhar refeições com outras pessoas é uma ótima maneira de reduzir o estresse, aumentar a autoestima e melhorar a conexão social, principalmente para as crianças. É importante que as pessoas encontrem maneiras de reduzir e gerenciar o estresse o máximo possível, o mais rápido possível", afirma a Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Mas os benefícios de se conectar com amigos, familiares e colegas de trabalho vão além da redução do estresse. Conectar-se com amigos, familiares, colegas de trabalho e vizinhos beneficia as pessoas além do alívio do estresse. A pesquisa descobriu que 67% das pessoas dizem que compartilhar uma refeição os lembra da importância de se conectar com outras pessoas, e 54% dizem que isso os lembra de desacelerar e fazer uma pausa.
Os entrevistados também disseram estar mais propensos (59%) a fazer escolhas alimentares mais saudáveis ao comer com outras pessoas. "Um hábito alimentar saudável está diretamente relacionado a melhores níveis circulantes de neurotransmissores como a serotonina, que pode ajudar a aliviar quadros de depressão, ansiedade, além do estresse", aponta a Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Outros resultados
No entanto, muitos relataram ter dificuldade em alinhar os horários com seus amigos ou familiares para fazer refeições em conjunto, como indica a pesquisa. Por isso, eles revelaram comer sozinhos cerca de metade do tempo. "Sabemos que nem sempre é tão fácil quanto parece reunir as pessoas na hora das refeições. Como outros hábitos saudáveis, permita-se começar pequeno e construir a partir daí. Estabeleça uma meta de reunir amigos, familiares ou colegas de trabalho para mais uma refeição a cada semana. Se você não puder se reunir pessoalmente durante a semana, pense em algo no final de semana", recomenda a Dra. Caroline.
A pesquisa da American Heart Association também identificou que a maioria (65%) dos adultos diz estar pelo menos um pouco estressada e mais de um quarto (27%) está extremamente ou muito estressada. Quase 7 em cada 10 (69%) dos entrevistados que trabalham em período integral ou parcial disseram que se sentiriam menos estressados no trabalho se tivessem mais tempo para fazer uma pausa e compartilhar uma refeição com um colega de trabalho.
"Estudos relatam que tanto crianças como adultos que fazem refeições em família tendem a sofrer menos estresse. Além disso, eles cultivam um melhor relacionamento, devido à conexão estabelecida nessas ocasiões. As evidências científicas que relacionam as refeições em família com a redução do risco de desenvolver transtornos emocionais e alimentares, mediados por estresse, são cada vez mais robustas", finaliza a médica nutróloga.
Estresse
Segundo a Dra. Caroline, o estresse virou uma preocupação global. Isso porque ele está associado à elevação da pressão arterial, à aceleração da frequência cardíaca e ao aumento dos níveis de gorduras e açúcar no sangue. Por isso, o estresse crônico contribui para o surgimento de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, ele também provoca a excreção de fosfato em níveis fora do padrão, o que prejudica a função renal, além de levar a fraqueza muscular e alterações na composição óssea.
"Por serem as unidades de filtragem de sangue do corpo, os rins são impactados por problemas com os vasos e a circulação sanguínea. Dessa forma, a pressão alta e o açúcar elevado no sangue provocados pelo estresse podem sobrecarregar os rins. Inclusive, pacientes com hipertensão e diabetes correm maior risco de doença renal", afirma a médica nefrologista.
Felizmente, atitudes simples do dia a dia podem reduzir os impactos do problema. "Quando se fala em reduzir o estresse, geralmente as atividades como meditação, yoga e lazer são lembradas. Mas as refeições, desde o momento do preparo até o momento do consumo alimentar, particularmente se forem compartilhadas com pessoas com laços afetivos, como os familiares, podem reduzir o estresse. O ato de cozinhar e fazer refeições em família pode representar conforto emocional, diversão e ao mesmo tempo leva a uma dieta mais equilibrada, crucial para a saúde mental", explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez.