'The Goop Lab': por que série de Gwyneth Paltrow na Netflix é acusada de espalhar 'mitos e desinformação'
Simon Stevens, diretor- executivo do serviço público de saúde britânico, diz que o programa representa um 'risco considerável à saúde' dos espectadores.
A nova série da Netflix apresentada pela atriz Gwyneth Paltrow representa um "risco considerável à saúde" dos espectadores.
É o que afirma Simon Stevens, diretor-executivo do serviço público de saúde britânico (NHS, na sigla em inglês), que acusa a série The Goop Lab de espalhar "mitos" e "desinformação".
A Netflix afirma, no entanto, que o programa foi "criado para entreter, e não para fornecer orientações médicas".
A série, que estreou há uma semana, testa a eficácia de terapias alternativas para doenças físicas e mentais — e é filmada na sede da Goop, marca de bem-estar criada pela atriz.
Uma porta-voz da Goop disse que eles são "transparentes ao abordar tópicos emergentes, que podem não ter respaldo científico ou estar em estágios iniciais de avaliação".
'Procedimentos duvidosos'
Ao longo da série, de seis capítulos, Paltrow conta com a ajuda de médicos, pesquisadores e profissionais de medicina alternativa para avaliar práticas que variam de "exorcismos energéticos" ao uso de drogas psicodélicas no tratamento de distúrbios de saúde mental.
Stevens criticou os "produtos duvidosos e procedimentos suspeitos de bem-estar" apresentados na série, enquanto discursava em um evento acadêmico na quinta-feira (30) em Oxford, no Reino Unido.
"A Goop acaba de lançar uma nova série de TV, na qual Gwyneth Paltrow e sua equipe testam tratamentos como 'facelift do vampiro' e apoiam um massagista que afirma curar tanto traumas psicológicos agudos quanto efeitos colaterais, simplesmente ao mover as mãos duas polegadas acima do corpo do cliente", diz o chefe do NHS.
"A marca dela vende repelente para vampiros, diz que filtro solar químico é uma péssima ideia, promove a lavagem intestinal e máquinas para enema de café, apesar de apresentarem riscos consideráveis à saúde."
A Goop surgiu em setembro de 2008 como uma newsletter sobre estilo de vida produzida por Paltrow para seus amigos.
Desde então, se transformou em um negócio de beleza e estilo de vida avaliado em US$ 250 milhões, com um site, loja online, lojas físicas, uma revista e, agora, a série da Netflix.
'Terreno fértil para excêntricos'
"Enquanto antes as notícias falsas costumavam passar de boca em boca, agora todo mundo sabe que mentiras e informações incorretas podem circular pelo mundo com o toque de um botão", disse Stevens.
"Os mitos e a desinformação foram turbinados pela disponibilidade de informações equivocadas online."
"Embora o termo 'fake news' leve a maioria das pessoas a pensar em política, a preocupação natural com a própria saúde e, especialmente, com a de seus entes queridos, torna esse terreno particularmente fértil para charlatães, impostores e excêntricos", acrescentou.
Em 2018, a Goop fez um acordo para pagar uma multa de US$ 145 mil por ter feito "afirmações não científicas" sobre os "ovos vaginais" de pedras e cristais que estava vendendo.
A empresa dizia que os ovos de jade e quartzo rosa, inseridos no canal vaginal, eram capazes de equilibrar os hormônios e regular o ciclo menstrual, entre outras coisas.
O processo foi movido pelo Departamento de Proteção ao Consumidor da Califórnia, nos EUA.
A Goop disse, no entanto, que não recebeu nenhuma reclamação dos consumidores sobre a descrição do produto.