'Toda hora morre um, toda hora tem alguém com covid', diz moradora de Manaus
Dona de casa de 51 anos e o marido tiveram a doença; hospitais da cidade entraram em colapso por falta de oxigênio
"Toda hora morre um, toda hora morre um. Toda hora sabemos de um vizinho, de um conhecido, de um parente. Toda casa aqui tem alguém com covid. É um absurdo o que estamos vivendo. Nunca vi uma coisa dessa. Medo. Medo." O relato é de Maria Neta Dias, dona de casa, de 51 anos, moradora de Manaus. Na cidade, a falta de oxigênio fez os hospitais entrarem em colapso nesta quinta-feira, 14.
A própria Maria já teve a covid-19, assim como o marido, mas não chegaram a ser hospitalizados. Oito pessoas próximas ficaram infectadas recentemente, dentre elas a comadre, que morreu esta semana, e o compadre, que está hospitalizado em estado grave, entubado. O Estado já teve mais de 5,9 mil óbitos desde o início da pandemia.
No "velório" da comadre, Maria Neta disse que puderam ficar cinco pessoas, a distância para se despedir. Mas era coisa rápida, de cinco minutos, no máximo, pois o padre que fazia a oração tinha o tempo contado. Naquele curto intervalo, precisava ainda ajudar famílias na despedida de outras 17 vítimas da covid.
"O pior é que o pessoal não tem jeito. O governo manda todo mundo ficar em casa, mas as pessoas não ficam. É desesperador", acrescenta. Por decisão da Justiça, o Amazonas teve de fechar neste mês todas as atividades que não fossem serviços essenciais, como mercados e farmácias. Nesta quinta, o Estado decretou toque de recolher entre 19 horas e 6 horas da manhã.