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Traumas de infância e personalidade aumentam possibilidade de rinoplastia

Neuroticismo aumenta em até 30% a probabilidade de realização de uma cirurgia plástica no nariz

16 nov 2024 - 06h10
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Resumo
Estudo mostra que eventos negativos na infância e traços de personalidade influenciam a decisão de realizar rinoplastia, com aumento de até 30% na probabilidade.
Foto: Freepik

Cirurgias estéticas são procedimentos cada vez mais comuns e a rinoplastia é uma das mais realizadas, uma vez que o desejo por uma melhor aparência está intimamente ligado à saúde psicológica de um indivíduo. Mas um estudo recente publicado no periódico Aesthetic Plastic Surgery mostrou que lidar negativamente ante eventos comuns da vida e carregar traumas de infância pode aumentar em até 30% a probabilidade de realizar uma cirurgia plástica no nariz. 

“Existem algumas razões principais pelas quais muitas pessoas podem desenvolver complexos relacionados ao nariz. O nariz desempenha um papel central no equilíbrio estético do rosto e existem questões psicológicas, sociais, além de padrão de beleza, comentários negativos e experiências pessoais. Não é incomum que pacientes que buscam rinoplastia sofram mais com ansiedade e tenham vivenciado experiências negativas na infância”, explica o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. 

“A preocupação com o tamanho do nariz é um tema comum entre muitos pacientes e pode ter várias origens psicológicas e sociais”, completa o médico.

O estudo incluiu 256 indivíduos, consistindo de 106 que tinham passado por rinoplastia, 46 considerando rinoplastia e 104 não considerando rinoplastia. “O estudo chegou à conclusão de que tanto os traços de personalidade quanto os traumas de infância influenciam a decisão de se submeter à rinoplastia”, diz ele. 

O trabalho científico aponta que o neuroticismo, tendência a experimentar facilmente emoções negativas ante eventos comuns da vida, aumentou a probabilidade de se submeter a uma rinoplastia em 16,3%, e essa taxa subiu para 29,3% se um membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia. 

“Isso sugere que pessoas que são emocionalmente vulneráveis podem ver a rinoplastia como uma maneira de melhorar sua autoestima e lidar com suas questões de aparência. Sabemos que a autoestima é um aspecto crucial na vida das pessoas e a rinoplastia tem se destacado como uma forma eficaz de melhorá-la, mas é importante que o paciente também procure um auxílio de saúde mental. Através da rinoplastia, é possível corrigir assimetrias, reduzir ou aumentar o tamanho do nariz, afiná-lo e melhorar a proporção facial como um todo. Essas mudanças estéticas proporcionam aos pacientes uma sensação renovada de autoconfiança”, diz o médico.

O estudo também apontou que o psicoticismo, que envolve a vulnerabilidade a comportamentos impulsivos, agressivos ou de baixa empatia de um indivíduo, aumentou em 15,4% a probabilidade de recorrer a rinoplastia, e a taxa subiu para 19,1% se nenhum membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia. 

“O aumento da taxa quando não há uma referência familiar elucida uma questão importante, que é uma maior tendência a tomar decisões impulsivas. É importante que o médico avalie caso a caso e identifique se o paciente não está obcecado em parecer outra pessoa, ter outra característica, o que tem relação com a distorção de imagem”, diz o médico.

Outro traço de personalidade, a extroversão, que envolve a tendência de uma pessoa ser amigável e socialmente ousada, falante, afetuosa e festeira, aumentou a probabilidade em 24,4%, e essa cresceu para 30,9% se um membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia. 

“A maior exposição e interação social pode aumentar a pressão sobre a aparência, influenciando a decisão pela rinoplastia”, diz o médico. “Já o abuso emocional, mediado pelo neuroticismo, aumentou a probabilidade de se submeter a uma rinoplastia em 5,4%, e essa aumentou para 17,7% se um membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia. A negligência física aumentou a probabilidade em 17,9%, e essa taxa aumentou para 22% se nenhum membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia.”

A principal questão, segundo o médico, é o tamanho do nariz. “Comentários negativos ou bullying relacionados ao tamanho do nariz podem ter um impacto significativo na autoestima de uma pessoa. Algumas pessoas podem ter vivenciado experiências traumáticas ou eventos em que seu nariz tem sido o foco de atenção negativa, o que pode levar a uma grande preocupação com o tamanho do nariz”, diz o médico. 

“Se o nariz de uma pessoa não se enquadra nesses padrões considerados ideais, ela pode se sentir insegura e desenvolver complexos em relação a isso”, argumenta. “Mas isso, claro, deve ser sempre avaliado com relação às proporções faciais, porque não existe um único nariz perfeito e ideal para todos. Como cirurgiões, temos que respeitar as individualidades.”

A tendência natural de comparar-se com os outros também pode levar à percepção de que o próprio nariz é desproporcional ou inadequado. “Ao ver narizes que são considerados mais harmoniosos ou atraentes por outros, pode-se desenvolver uma preocupação em relação ao próprio nariz”, destaca ele.

Por fim, o especialista enfatiza que a rinoplastia tem passado por grandes avanços nos últimos anos, trazendo benefícios estéticos notáveis para os pacientes. “Além de corrigir imperfeições, essa intervenção cirúrgica tem se mostrado uma poderosa aliada na melhora da autoestima, no embelezamento facial e até mesmo na percepção anti-idade. Com técnicas aprimoradas, materiais inovadores e uma compreensão mais profunda da anatomia nasal, os resultados obtidos têm sido cada vez mais naturais e personalizados”, finaliza o médico.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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