Trocar o doce por pepino com gelatina: por que dica de Kéfera foi considerada desserviço?
Nutricionista explica risco do chamado ‘terrorismo nutricional’ com determinados alimentos; saiba como equilibrar dieta
Kéfera Buchmann voltou a causar polêmica nas redes sociais nesta semana ao compartilhar uma dica para quem está de dieta. A atriz e influenciadora digital mostrou que mistura gelatina em pó ao pepino para suprir a "vontade de doce".
"Tá com vontade de doce? Tá fazendo estratégia igual eu pra tratar compulsão alimentar, pra não atacar, pra você ir lidando com ela", questionou a influenciadora em seus stories.
"Não estamos falando de ficar maluca aqui, hein, estamos falando de ajudar a nossa cabeça. O objetivo está difícil? Zero caloria, enche a barriga", acrescentou apontando para a mistura que considera uma solução.
Kéfera tem 17 milhões de seguidores somente no Instagram. Nas redes sociais, ela foi alvo de críticas que denunciam a irresponsabilidade e o desserviço promovidos com a sugestão.
Com a repercussão, ela voltou aos stories do Instagram na manhã de quinta-feira (17) para ressaltar que não indicou a ingestão de pepino com gelatina para tratamento de compulsão e deixou claro que não endossa dietas super restritivas, já que também gosta de comer doces, entre outras coisas.
Mas por que seu discurso foi considerado prejudicial?
Segundo a nutricionista Caroline Possato, pós-graduada em Nutrição Clínica e com atuação voltada para emagrecimento e reeducação alimentar de adultos, a mensagem passada por Kéfera contribui para o chamado "terrorismo nutricional" que, equivocadamente, vilaniza determinados tipos de comida.
"Esse comentário (ou dica) é um discurso que associa qualidades negativas a determinados alimentos, gerando categorias, ou seja, esse alimento é bom e esse alimento é ruim. (...) É um desserviço, é perigoso e estimula uma visão tortuosa com o ato de comer. Como se comer virasse uma condição para ter um tipo de corpo e, se não atingir esse padrão, é sinônimo de que você está comendo errado", argumenta Caroline.
Ao Terra, ela ressalta ainda que nem sempre o exagero ou vontade de repetir um doce é sinal de compulsão alimentar. A compulsão é um transtorno de ordem psiquiátrica, associado a perturbações graves nos comportamentos alimentares das pessoas, como descreve o blog Hospital Albert Einstein. Alguns exemplos conhecidos são bulimia e anorexia.
"Compulsão não é comer dois, três pedaços. Pode acontecer um exagero, quando você come um pouco a mais e sente um desconforto após o consumo. Mas a compulsão é quando a pessoa come com perda de controle e em volumes maiores do que ela está acostumada a comer", diferencia a nutricionista.
Nesses casos, é essencial buscar ajuda psicológica para se tratar. No que tange a área nutricional, Caroline lista uma série de orientações:
- Contextualizar o doce - por exemplo, se está em uma festa, pode comer um pouco;
- Ouvir seu corpo - avaliar: será que quero mesmo esse brigadeiro? Seu corpo não pede doce o tempo todo;
- Comer sem interferências externas - quando você come um chocolate vendo uma série, por exemplo, provavelmente não irá perceber a quantidade consumida;
- Lembrar que não existem alimentos específicos para “tirar a vontade de comer doce” - deve-se evitar comer em grandes porções;
- procurar consumir frutas adocicadas, chocolate com proporção maior de cacau ou até mesmo a combinação dos dois, aquecendo a fruta, por exemplo, podem ajudar na vontade de consumir um docinho.