Uma em cada 10 mulheres tem adenomiose; conheça "endometriose do útero"
Endometriose e adenomiose; quais as diferenças e quais os sintomas
Você já deve ter ouvido falar sobre endometriose, doença inflamatória crônica que atinge pessoas com útero. Diversas famosas, como Anitta e Tatá Werneck, já falaram sobre como é lidar com a condição. Dados do Ministério da Saúde mostram que a endometriose afeta de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva.
Do outro lado, cresce também a discussão sobre outro fenômeno semelhante: a adenomiose. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres no mundo sofre com a doença. Grande parte dessas brasileiras, inclusive, retiram o útero.
Marcelo Cavalcante, ginecologista e especialista em reprodução assistida, revela que a adenomiose atinge cerca de 30% das mulheres em idade fértil. Ela pode ser assintomática em até 1/3 dos casos. “Pode, ainda, dificultar a gravidez, contribuindo para infertilidade e perdas gestacionais”, acrescenta.
Sintomas
Os sintomas mais frequentes da adenomiose são sangramento menstrual abundante e prolongado, presença de cólicas menstruais intensas, podendo variar de frequência e intensidade de acordo com a extensão da doença.
Além da história clínica da paciente, o diagnóstico pode ser suspeitado pelo exame ginecológico em que é possível observar um útero aumentado de volume, amolecido e doloroso, principalmente antes da menstruação. A ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética são exames de imagem que auxiliam no diagnóstico.
Adenomiose é endometriose?
Embora seja conhecida como a “endometriose do útero”, as diferenças entre as duas doenças são importantes. Anatomicamente o útero é formado por três camadas: endométrio (camada interna que reveste a cavidade uterina, miométrio (músculo do útero, camada intermediária responsável pelas contrações no momento do trabalho de parto), e a serosa (camada de tecido que reveste a parte externa do útero).
“O endométrio, local onde o embrião se desenvolve durante a gravidez, é renovado a cada ciclo menstrual. Durante a menstruação, o endométrio descama, sendo eliminado em forma de sangramento”, explica Marcelo.
O ponto-chave é que na endometriose ocorre o implante do endométrio em algum local fora da cavidade uterina, podendo ser no ovário, bexiga, intestino, peritônio ou até mesmo fora da cavidade pélvica.
Já a adenomiose ocorre quando o endométrio se implanta na camada muscular do útero e pode ser classificada como focal ou difusa. Na adenomiose focal, a doença acomete pequenas áreas da parede do útero. Na difusa, existe um comprometimento de quase toda a musculatura uterina.
Qual a idade?
A ocorrência da adenomiose é variável, segundo o especialista. "Alguns estudos observaram uma maior prevalência em 60% das mulheres de 40 a 50 anos. Já a endometriose ocorre em cerca de 15% das mulheres em idade fértil", afirma.
Segundo o especialista, a maioria das mulheres com mais de 40 anos convive com fluxo intenso e cólicas durante anos, achando que é normal e só depois descobrem que é adenomiose. "Existe um diagnóstico tárdio. Entre os 40-50 anos é quando ocorre esse diagnóstico e os sintomas vão piorando com o tempo", aponta.
Tratamento e controle
O objetivo é o controle dos sintomas. “Para isso, utilizamos medicamentos anti-inflamatórios e hormonais, que reduzem as cólicas menstruais e a intensidade do fluxo menstrual. Nos casos em que o tratamento medicamentoso não resolve, a cirurgia deve ser avaliada”, conclui.