Uma em cada sete mulheres de 40 anos já fez aborto; afirma pesquisa
Estudo mostra que aborto é um problema de saúde pública que afeta principalmente brasileiras mais vulneráveis
Apesar de ser criminalizado, a estimativa mais recente indica que a cada ano são realizados cerca de 500 mil abortos no Brasil. A Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) mostrou que uma a cada sete brasileiras de 40 anos já fez o procedimento.
“Qualquer problema que afete tamanha proporção de pessoas é uma questão de saúde gigantesca para um país”, disse Marcelo Medeiros, sociólogo e professor visitante na Universidade Columbia (Estados Unidos), coautor do estudo.
Em quase metade dos casos, acontecem complicações que exigem a internação da mulher em hospitais ou prontos-socorros para concluir o procedimento.
Também foi possível entender que o problema começa cedo, 52% das entrevistadas disseram que haviam interrompido uma gestação antes dos 19 anos.
“A gravidez é um problema social e econômico importante para as jovens nessa faixa etária, porque impede de continuar os estudos, prejudica a formação profissional e restringe o acesso ao mercado de trabalho”, explica Medeiros.
Quando separado por etnias de que já realizaram abortos, as indígenas representam 17% dessas mulheres. Pretas e pardas representam 22% da estatística, e brancas 9%.
A pesquisa ouviu 2 mil mulheres entre 18 e 39 anos de 125 municípios em novembro de 2021. Para garantir a proteção da prividade das entrevistadas, cada participante recebeu um questionário sobre o tema e inseriu ela mesma em uma urna lacrada.
Segundo a legislação brasileira, o aborto é autorizado e oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), quando: a gravidez é decorrente de estupro, quando há risco à vida da gestante ou se existe diagnóstico de anencefalia do feto.
Aborto no mundo
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, ocorrem 73 milhões de abortos induzidos no mundo. O número equivale a um terço das gestações.
Em 45% dos casos, a interrupção ocorre sem a assistência adequada e coloca em risco a vida da mulher. Em mais de 95% dessas situações acontecem nos países em desenvolvimento.