Uso de canetas: a compulsão alimentar aumenta após o tratamento?

Médico explica o que deve ser feito para evitar o chamado efeito rebote, que é o agravamento da compulsão por alimentos

Você já ouviu falar das canetas emagrecedoras, certo? Tratam-se de medicamentos injetáveis que podem ajudar na batalha contra a obesidade, uma vez que promovem a sensação de saciedade, reduzindo, dessa forma, o apetite. Os médicos costumam prescrever dois tipos: semaglutida (Ozempic, Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro). Agora, uma dúvida indigesta ganha força entre os adeptos desses medicamentos: é verdade que, depois do tratamento, a compulsão alimentar volta com força?

"Isso só vai acontecer se a pessoa deixar de tomar a medicação sem entrar num novo esquema alimentar, sem realmente criar novos hábitos, ou seja, um novo estilo de vida", explica o médico integrativo Cleugo Porto. Sem a conscientização de que é necessário adotar esses novos hábitos, o risco do chamado efeito rebote cresce mesmo, segundo ele. Efeito rebote é o ressurgimento de sintomas ainda mais intensos que ocorre com o fim da ação de um medicamento.

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Cleugo Porto destaca que a compulsão alimentar também costuma atingir os pacientes que se submetem à cirurgia bariátrica. Eles podem recuperar os quilos perdidos se não estabelecerem uma nova relação com a comida nem incorporarem exercícios físicos à rotina, entre outros protocolos. Isso porque, estarão repetindo hábitos do passado.

Acompanhamento médico

"Daí a importância do acompanhamento médico no tratamento contra a obesidade", reforça Cleugo Porto. Ele cita que medicações coadjuvantes são prescritas para ajudar o paciente a moldar seu novo estilo de vida durante o processo de perda de peso, seja com canetas emagrecedoras ou cirurgia bariátrica. Uma dessas medicações coadjuvantes atua contra a ansiedade, que é bastante comum entre pessoas com obesidade.

Porto frisa que a compulsão alimentar tende a voltar com mais intensidade após a interrupção das canetas emagrecedoras caso o paciente dispense a presença do médico ao longo do uso dessas canetas. "Como hoje a venda (das canetas) é livre em farmácias, as pessoas tomam como bem entendem ou acham que devem tomar", alerta.

Por outro lado, quando um médico prescreve as canetas, esse profissional saberá indicar os medicamentos mais adequados e, sobretudo, estabelecer a duração do tratamento, dependendo das condições e necessidades de cada paciente. Alguns pacientes podem receber doses de manutenção após o uso inicial das canetas ou tomar medicações por períodos mais estendidos. Essas decisões, porém, cabem somente ao médico, de acordo com Cleugo Porto.