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Uso excessivo de eletrônicos prejudica a visão de crianças

Especialista explica os impactos das telas no desenvolvimento visual das crianças e como identificar os sintomas

9 fev 2024 - 06h10
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Foto: Freepik

Com os avanços tecnológicos, o comportamento da sociedade vem mudando nos últimos 20 anos. Entre essas mudanças está o uso excessivo de eletrônicos como celular, tablet, computador e TVs. As crianças que antigamente tinham uma rotina de brincadeiras na rua, parques e escola, hoje passam mais tempo conectadas em dispositivos eletrônicos jogando, estudando ou conversando com seus amiguinhos de forma remota ao invés do contato presencial, especialmente no período da pandemia. Mas o que muitos não imaginam é que esse uso em excesso pode fazer mal à saúde visual dessas crianças. 

De acordo com Paulo Henrique Oliveira de Lima, coordenador do curso de Óptica e Optometria do Centro Universitário Braz Cubas, a substituição de brincadeiras tradicionais pelo uso de eletrônicos ocorreu com expansão da civilização urbana, que diminuiu os espaços públicos e, consequentemente, deixou as crianças mais tempo dentro de casa. 

“Podemos somar a pandemia nessa mudança de hábitos também, que tornou o afastamento social ainda maior, fazendo com que brincadeiras coletivas acabassem diminuindo. Os millenials, muito antes dos celulares e tablets, já tinham uma propensão à tecnologia, uma vez que os televisores eram mais acessíveis do que a geração anterior, fora o acesso a jogos eletrônicos. O que antes as crianças se juntavam para jogar videogame na casa de um amigo, hoje não é mais necessário, devido a rede social em torno”, explica.  

Popularização dos smartphones

Outro fator fundamental para o aumento do uso de telas na atualidade é o poder aquisitivo e a popularização de smartphones. Eles apresentam conteúdos dinâmicos e variados e, assim, dão mais opções de entretenimento à criança, “facilitando” o trabalho dos responsáveis. E, com isso, os maiores prejuízos visuais para as crianças estão diretamente ligados ao desenvolvimento de um problema de vista.

“Com o uso contínuo desses dispositivos muito próximos dos olhos, a musculatura interna do olho tende a fazer mais força do que deveria, causando muito cansaço visual ao longo do dia e podendo até fazer com que a criança passe a enxergar mal, principalmente para longe. Há pesquisadores que acreditam que o uso excessivo das telas irá causar uma ‘epidemia de miopia’ até 2050”, relata o professor de Óptica e Optometria da Braz Cubas.  

Como identificar os sintomas do uso excessivo?  

Paulo explica que os sintomas que são gerados afetam não somente as crianças, mas também os adultos. 

“Eles podem sentir dores de cabeça na região da testa e em torno dos olhos, ardência ocular, coceira e lacrimejamento. Se os pais, responsáveis ou educadores notarem que a criança costuma coçar muito os olhos ou reclamar de dor de cabeça, podemos ter um quadro de alteração visual causado pelo uso das telas. Um outro sinal é a falta de concentração, especialmente quando tenta ler. Isso também pode acometer os adultos, então vale prestar atenção.” 

Apesar de grandes impactos é possível tratar esses prejuízos visuais. E o primeiro passo é identificar o problema. Depois de analisar o comportamento visual, testes específicos são feitos para medir a função visual, como o modo que ela lê, o quanto enxerga, movimentação ocular, força muscular, entre outros.  

“Após a identificação, é montado um plano terapêutico baseado em resolver o problema e aumentar a performance visual, seja pelo uso de óculos, prismas, exercícios, ou a combinação deles. Assim, o ideal seria os pais levarem seus filhos em idade pré-escolar e escolar para uma avaliação optométrica, de forma que o profissional consiga analisar e identificar alguma alteração de ordem visual que no futuro pode gerar algum prejuízo não somente escolar, mas para a vida cotidiana do cidadão”, diz Paulo.  

Os sempre presentes óculos de grau

Um grande aliado: os tradicionais óculos de grau, que auxiliam a reduzir os prejuízos causados pelas telas e a enxergar melhor uma determinada distância. 

"Há ainda as lentes específicas que ajudam no relaxamento ou estimulação da musculatura dos olhos, melhorando conforto e performance. No mercado também existem lentes que controlam o avanço da miopia infantil. Para adultos, quando não conseguem fazer pausas periódicas, é recomendado uso de óculos para relaxamento da musculatura, evitando, assim, os sintomas", diz ele.  

O professor de optometria alerta também para as crianças com idade mais baixa, até de 2 anos, que também estão utilizando as telas em excesso. 

“Isso pode fazer com que o sistema visual tenha seu desenvolvimento comprometido. Fazer pausas periódicas durante o uso de telas, como smartphones e computadores, é essencial para um bom desempenho visual e prevenção de alterações visuais e oculares. Um bom exercício é o denominado ‘20-20’, em que a pessoa utiliza a tela por 20 minutos, e por 20 segundos olha o mais distante que conseguir pela janela. A repetição durante o dia, a semana e o mês auxiliam na harmonia do sistema visual e pode prevenir os sintomas do uso excessivo de telas.”  

Estimule brincadeiras lúdicas

Paulo indica uma alternativa para reduzir a dependência do uso de telas por crianças: estimular brincadeiras lúdicas sociais, como jogos de tabuleiro, o interesse por esportes coletivos ou individuais, ou aprender algum instrumento musical, incluindo o papel da escola na vida da criança.  

Por fim, o docente da Braz Cubas ressalta que a optometria, ciência da visão, pode contribuir para identificar as alterações visuais. 

“Analisamos o sistema visual e não somente os erros refrativos, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. O optometrista pode realizar testes específicos para localizar onde o uso de telas está afetando o desempenho da criança, podendo tomar uma decisão assertiva na resolução do problema, seja por uso de óculos, outros auxílios ópticos, ou até exercícios visuais”, finaliza ele.  

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão. 

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