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Vacina contra covid-19 desenvolvida no Brasil começa a ser testada em humanos

Com insumos e financiamento brasileiro, testagem da SpiN-Tec começou nesta sexta; pesquisadores miram efetividade maior contra variantes do coronavírus

25 nov 2022 - 19h15
(atualizado em 28/11/2022 às 09h01)
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Com mais de mil inscritos para participarem dos ensaios clínicos, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, começou a aplicar nesta sexta-feira, 25, a primeira vacina contra Covid-19 desenvolvida com tecnologias e insumos totalmente brasileiros e financiado por instituições nacionais. O imunizante ainda está em fase de testes.

Com o nome de SpiN-Tec MCTI UFMG, a vacina foi produzida no Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG em parceria com a Fiocruz Minas. Com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testes clínicos, a procura por voluntários se deu logo após aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), grupo que avalia a ética nos protocolos de pesquisa com humanos. O CTVacinas recebeu em menos de dez dias mais de mil pessoas inscritas como voluntárias para a triagem.

Os ensaios pré-clínicos, realizados em laboratório e em animais, confirmaram a eficácia do imunizante e tiveram seus resultados publicados em agosto pela revista Nature. Agora são necessários novos testes para confirmar a segurança e a eficácia do produto na aplicação em humanos.

Os pesquisadores acreditam que a SpiN-Tec tem potencial para ser mais efetiva contra as variantes do Sars-CoV-2 que as outras vacinas já utilizadas no Brasil. Isso se deve ao mecanismo de ação da nova vacina.

Diferentemente das vacinas anticovid que estão sendo usadas e geram respostas de anticorpos neutralizantes, a SpiN-Tec tem como precedente induzir resposta dos linfócitos-T. Segundo os cientistas envolvidos no projeto, o candidato a imunizante gera resposta contra várias partes da molécula do vírus, e não apenas contra um de seus segmentos, como ocorre com as vacinas atuais.

Além da dupla proteína do vírus utilizada no antígeno, o imunizante também tem alta estabilidade, o que possibilita que seja mantido a 4 °C, como outras vacinas, e facilita a distribuição para lugares longínquos.

Como ocorrem os ensaios clínicos?

Os testes serão realizados em três fases sob a coordenação do professor Helton Santiago, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e liderança do professor Jorge Andrade Pinto, da Faculdade de Medicina da UFMG. A primeira, foi iniciada nesta sexta-feira com 72 voluntários, e a segunda contará com 360 voluntários.

No modelo que será utilizado, duplo-cego, parte dos voluntários integra um grupo-controle, que receberá a vacina da AstraZeneca e a outra parte recebe a vacina SpiN-Tec. Os voluntários serão acompanhados pelos pesquisadores por um ano, e após a conclusão das duas fases iniciais, relatórios do estudos serão enviados para a Anvisa, que ficará a cargo de autorizar a terceira e última fase da pesquisa que terá de 4 a 5 mil pessoas do Brasil todo.

Investimento de R$16 milhões

O projeto teve investimento de cerca de R$16 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da RedeVírus, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para as etapas de ensaios pré-clínicos e clínicos de fase 1 e 2.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e outras instituições também apoiaram o desenvolvimento da vacina.

Além do investimento na vacina contra a Covid-19, o MCTI destinou R$ 80 milhões à UFMG para transformar o CTVacinas em um Centro Nacional de Vacinas. O local terá como objetivo ser um desenvolvedor de projetos de inovação em imunizantes, o que inclui plataformas vacinais, formas de diagnósticos e fármacos novos.

Estadão
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