Vacina para dengue da Sanofi é promissora, mas dúvidas permanecem
A primeira vacina contra a dengue, da empresa francesa Sanofi, ofereceu proteção moderada em um grande estudo clínico, mas permanecem dúvidas sobre como ela poderá ajudar a combater a doença tropical que mais cresce no mundo.
O teste de fase final envolveu 10.275 crianças saudáveis com idades entre 2 e 14 anos em cinco países na Ásia, região que responde por mais de dois terços da ocorrência da doença, que é transmitida por um mosquito. O Brasil enfrenta a doença há anos, sendo que só na cidade de São Paulo houve um forte aumento de casos no primeiro semestre em comparação a 2013.
A Sanofi já tinha divulgado em abril que sua vacina reduziu a incidência da dengue em 56 por cento no estudo asiático, sem dar detalhes. Os resultados completos foram divulgados na Internet nesta sexta-feira, na publicação médica The Lancet.
O estudo apurou que a vacina era segura e que reduziu os casos mais graves de dengue hemorrágica em quase 90 por cento. Mas a vacina ofereceu pouca proteção para crianças mais novas - que estão em maior risco com a dengue --e provou notável ineficácia no combate a uma das quatro cepas da doença viral.
Os resultados sugerem que a nova vacina atua melhor como um reforço imunológico para pacientes com alguma exposição prévia, e, portanto, pode ser mais útil em regiões tropicais onde a dengue é comum, e não como uma vacina para os viajantes.
"Tendo em vista a alta ocorrência da doença em países endêmicos... esta vacina candidata, apesar da eficácia geral moderada, poderá ter um efeito substancial sobre a saúde pública", afirmaram os cientistas responsáveis pelo estudo.
O estudo foi conduzido por Maria Rosario Capeding, do Instituto de Pesquisa de Medicina Tropical nas Filipinas, e financiado pela Sanofi.
A Sanofi já investiu mais de 1,3 bilhão de euros (1,77 bilhão de dólares) nos últimos 20 anos no desenvolvimento da vacina, que está vários anos à frente de potenciais concorrentes.
(Por Natalie Huet)