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"Virar pai me ajudou a aceitar meu autismo"

Jude Morrow tem Síndrome de Asperger e se viu diante de uma série de dificuldades quando seu filho Ethan nasceu.

13 dez 2019 - 08h21
(atualizado às 09h28)
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Ser pai pela primeira vez é uma reviravolta na vida de qualquer pessoa, mas pode impor desafios extras quando você tem autismo.

Jude Morrow tem Síndrome de Asperger, um tipo de transtorno do espectro do autismo, e teve muita dificuldade quando seu filho Ethan nasceu.

Ele tem problemas para interpretar e expressar sentimentos, além de distúrbios sensoriais — e não gosta que nada interfira na sua rotina.

Todas essas questões representaram um grande desafio quando ele descobriu que seria pai.

"Ter que me adaptar e gerenciar mudanças, na maioria das vezes, não é fácil", contou Morrow, que vive em Londonderry, na Irlanda do Norte, à BBC News NI.

Foto: BBC News Brasil

"Eu sempre tento evitar qualquer mudança, mas não consegui evitar ser pai."

"Eu quis saber imediatamente tudo que iria acontecer. Passei horas remoendo isso e pensando no que poderia fazer para me preparar", acrescentou.

"Foi uma mudança drástica na vida — uma espiral descendente, uma época muito difícil."

Quando se trata de recém-nascidos, é esperado que eles tenham um padrão imprevisível de sono e alimentação. Mas algumas pessoas com autismo, como Morrow, dependem de um senso de ordem rigoroso.

"Tive muita dificuldade com as mudanças constantes de um bebê recém-nascido, porque interferia na minha rotina e me perturbava bastante."

"O pior é que era difícil para eu dizer como Ethan estava se sentindo ao olhar para ele, porque eu não capto expressões faciais."

"Ficava olhando para ele e me perguntando se estava bem."

Aceitando o autismo

Embora se tornar pai tenha sido um dos momentos mais complicados da sua vida, também ajudou o jovem de 28 anos a aceitar o autismo.

"Naquela época, era tão difícil conviver com minha condição — que Ethan podia ver", afirmou.

"Ficava pensando que iria superar isso, mas tive que aceitar e fazer as pazes comigo mesmo."

"Agora vejo como uma diferença a ser comemorada — tenho orgulho do meu autismo."

Morrow desenvolveu muitos mecanismos de enfrentamento desde que se tornou pai, mas ainda se vê diante de desafios diários com a paternidade.

"São coisas que a maioria das pessoas nem pensa, mas eu não consigo lidar com situações caóticas, como áreas de recreação infantil, por causa dos meus problemas sensoriais".

Ele diz que ainda acha difícil explicar como está se sentindo.

"Isso pode me sobrecarregar."

"Nem sempre tenho uma reação adequada a uma situação."

Embora sua família e amigos tenham sido muito solidários, Morrow encontrou poucas fontes de informação para pais autistas.

"Há muitas informações para pais de crianças com autismo, mas não muita (informação) para pais com autismo."

"Não consegui encontrar alguém que esteja no espectro (autista) usando sua voz para apoiar outras pessoas na mesma situação, decidi então escrever um livro sobre a minha história."

'Raio de esperança'

Morrow dedicou o livro ao filho e escolheu o título baseado em algo que Ethan perguntou à avó.

"Minha mãe estava tomando conta do Ethan, e ele perguntou: 'Por que o papai sempre parece tão triste?'"

"Decidi usar como título do livro", revela.

"Mesmo com cinco anos, Ethan percebe que tenho problemas para demonstrar emoção e que geralmente meu rosto não tem expressão."

"Nunca pensei em falar sobre o autismo, mas estou feliz por ter feito isso. Quero que seja um raio de esperança para pais que têm autismo".

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