Volta às aulas: como saber quando a criança precisa usar óculos?
Oftalmopediatra alerta para os sinais de que a criança precisa usar óculos. Sintomas ficam ainda mais evidentes com a volta às aulas
Neste comecinho de agosto as crianças estão voltando para a escola - se já não voltaram no fim de julho. Após semanas em casa, é hora de preparar a mochila e passar horas em frente à lousa, o que pode ser um problema para alguns pequenos, especialmente aqueles que apresentam a necessidade de usar óculos. Nesse contexto, é importante lembrar da importância de cuidar da saúde ocular das crianças.
O check-up oftalmológico é essencial para garantir o bem-estar visual dos pequenos, pois problemas de visão podem afetar significativamente seu desenvolvimento e desempenho acadêmico. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 20% das crianças em idade escolar apresentam problemas oftalmológicos, sendo a miopia o principal deles.
Por que estar atento à saúde ocular dos pequenos?
A Dra. Giovanna Marchezine, médica oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC), explica que a visão está diretamente relacionada à concentração, leitura e aprendizado, destacando assim a importância do acompanhamento oftalmológico infantil também para o desenvolvimento escolar.
Ela lembra que, antigamente, a recomendação era realizar um exame oftalmológico na idade pré-escolar. No entanto, com as crianças ingressando na escola cada vez mais cedo, é recomendado que exames sejam realizados ao longo da primeira infância, por volta dos três anos de idade.
Isso porque, quando a criança é muito nova, seu mundo é predominantemente próximo, o que pode mascarar problemas de visão para longe, como a miopia. Somente quando ela começa a frequentar a escola e precisa olhar para o quadro, as dificuldades de enxergar podem se manifestar.
Sinais de que uma criança precisa usar óculos
Giovanna destaca que é fundamental estar atento a alguns sinais que podem indicar problemas de visão em crianças, como quando elas apertam os olhos ou os esfregam com frequência. No entanto, existem alguns problemas de visão que não apresentam sintomas evidentes, como explica a oftalmopediatra.
"Muitas vezes, o professor é um grande aliado dos pais, pois pode perceber alguma dificuldade visual. No entanto, existem casos em que não há sintomas aparentes, como quando há uma deficiência em um dos olhos. A criança enxerga relativamente bem porque o outro olho compensa, mas ela não percebe que um dos olhos não enxerga tão bem", afirma.
A médica ressalta que um diagnóstico precoce pode prevenir o agravamento de problemas mais sérios, uma vez que alguns quadros se tornam mais difíceis de reverter quando detectados tardiamente.
"O desenvolvimento da visão ocorre até os oito anos de idade, e é crucial ter boas condições visuais nessa fase para que o cérebro aprenda a enxergar adequadamente. Caso uma deficiência visual seja descoberta aos dez anos de idade, por exemplo, a chance de reverter o quadro é significativamente reduzida", afirma Dra Giovanna.
Problemas oculares que exigem o uso de óculos
Segundo a oftalmopediatra, problemas refrativos, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, são mais fáceis de resolver com o uso de óculos, e as crianças costumam aceitá-los bem, pois experimentam conforto ao enxergar melhor, o que contribui para um maior rendimento escolar.
A especialista também afirma que o estrabismo refracional, quando causado por altos graus de deficiência visual, é extremamente dependente do uso de óculos, pois o desalinhamento ocular é corrigido ao proporcionar um foco adequado. Em alguns casos, ao utilizar óculos, é possível corrigir o estrabismo.
Como adaptar os pequenos ao acessório?
Porém, nem sempre as crianças estão abertas a começar a usar óculos. Felizmente, existem técnicas que facilitam a adaptação dos pequenos, como destaca a especialista do Hospital de Olhos de Cuiabá.
"Às vezes, a criança não sabe dizer qual grau de lente é melhor para ela. Na maioria das vezes, precisamos dilatar as pupilas usando colírios. Temos recursos que nos permitem determinar o grau visual sem depender da cooperação total da criança. Existem equipamentos automáticos que fornecem uma estimativa do grau, tornando possível examinar as crianças sem problemas", finaliza a médica.