Workaholic: pare de glamourizar quem trabalha demais
Especialistas comentam sobre a glorificação e o esgotamento da cultura de excesso de trabalho
Se você trabalha sem pausas e não consegue parar de pensar no seu trabalho, talvez você seja um workaholic, uma pessoa compulsiva por trabalho. Sabrina Sato, apresentadora do programa "Sobre Nós Dois", da GNT, que recentemente ganhou um quadro no Fantástico/TV Globo, já se declarou como viciada em trabalho; o humorista Luis Lobianco, que faz o Programa "Vai que Cola", também se declarou workaholic.
Nos últimos anos, com o avanço da tecnologia e conectividade constante, supervalorizar o excesso de trabalho tem sido cada vez mais notável. De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Oracle e Workplace Intelligence, feita com 12 mil funcionários de 11 países, identificou-se que um dos problemas relatados foi a dificuldade de separar a carga horária de trabalho com o tempo livre.
Entre os brasileiros, 42% disseram que estão trabalhando ao menos 40 horas a mais por mês – percentual acima da média global (35%).
Para a especialista em carreira, Patrícia Y. Agopian, que é CEO da Bússola Executiva, escola online para aceleração de carreira, trabalhar muitas horas não é sinônimo de sucesso profissional, além de desencadear distúrbios emocionais como a Síndrome do Esgotamento Profissional, mas conhecida como Burnout. Para alguns workaholics, exibir a carreira dos sonhos é visto como uma forma de performance, destacando não apenas a realização de algo significativo, mas transformando a própria evolução em uma espécie de troféu.
Sinônimo de dedicação? Não, não é!
Para alguns profissionais, o trabalho em excesso pode ser lido como sinônimo de dedicação, comprometimento e sucesso. O que eles não sabem, é que o trabalho sem pausa não funciona como uma ponte para o crescimento profissional, mas sim para um Burnout.
"Uma vez que se está na exaustão, o rendimento cai e suas ações são menos estratégicas, o que limita sua ascensão de carreira”, diz a especialista em carreira.
Patrícia explica que ser workaholic não é garantia de sucesso. Isso não quer dizer que a pessoa não precise ser comprometida.
“Você precisa saber mostrar o seu valor para posições acima. É claro que há momentos, que talvez o profissional precise se dedicar mais, mas isso não quer dizer comprometer sua qualidade de vida. Não é o quanto vc faz e sim o quanto você consegue gerar valor para quem está em seu entorno e acima de você”, orienta Patrícia.
Sinônimo de sucesso? Não, não é!
Para a psicóloga Ana Streit é importante desconstruir essa ideia de que excesso de trabalho é sinônimo de sucesso. Ao mesmo tempo que o trabalho é um pilar importante na autovalorização, precisamos ter bom senso.
Muitas vezes quando o profissional é um trabalhador compulsivo, vai faltar espaço na vida social. A pessoa precisa colocar limites e estabelecer fronteiras entre trabalho e vida pessoal.
“A primeira dica é não tirar da vida pessoal para compensar no trabalho. E entender o que está por trás dessa busca incessante por trabalho e refletir o que além do trabalho é importante em nossas vidas”, pontua ela.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.