Xixi na cama: saiba como acolher a criança com enurese noturna
Muitas vezes a criança é castigada após fazer xixi na cama. No entanto, a condição pode representar um problema de saúde
Qual criança nunca fez xixi na cama? A condição, chamada de enurese noturna, é bastante comum e afeta e afeta 10% das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. Por isso, este ano, a International Children's Continence Society (ICCS) ampliou o World Bedwetting Day para a Semana Mundial do Xixi na Cama, que vai de 5 a 11 de junho. O objetivo é reforçar e esclarecer aos pais e cuidadores que urinar na cama não é culpa da criança, mas sim uma condição urológica que precisa de tratamento.
Um estudo realizado em Minas Gerais aponta que cerca de 60% das crianças que urinam na cama ficam de castigo e 40% chegam a apanhar. No entanto, o hábito não está associado ao mal comportamento. Isso porque uma das principais causas da enurese noturna é a hereditariedade.
O médico urologista e secretário-geral da ICCS, Dr. Ubirajara Barroso Jr., relata que, se ambos os pais tiveram esse problema quando crianças, a chance de a criança também apresentar é de 77%. Além disso, outros fatores, como metabolismo e alimentação, também podem influenciar a ocorrência da condição.
Punir resolve?
"É importante que os pais estejam conscientes de que a enurese noturna em crianças é causada por um problema urológico e não por preguiça ou rebeldia. Em vez de punição, é essencial que a criança receba acolhimento e que cada noite seca seja celebrada como uma vitória", destaca o Dr. Ubirajara.
Para o urologista, a punição é prejudicial. Ele alerta que é comum as crianças que sofrem com episódios de xixi na cama sintam vergonha por causa do hábito. "Em vez de punição, os pais devem buscar ajuda médica para a criança. O intuito é iniciar o tratamento adequado e garantir uma melhor qualidade de vida de toda a família", explica o médico, que coordena a disciplina de urologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Como tratar o xixi na cama?
O tratamento do xixi na cama é recomendado para crianças acima de 5 anos, caso o problema esteja interferindo na vida familiar. Já após os 7 anos, o tratamento médico é obrigatório. Isso porque estudos mostram que depois dessa idade começa a haver redução da autoestima e outros problemas emocionais em associação à enurese. Além disso, a chance de a criança recuperar o controle do esfíncter sozinha diminui.
A mudança de hábito sempre será uma grande aliada para o tratamento da enurese noturna, aponta o médico. Portanto, é o caso, por exemplo, de restringir a ingestão de líquidos pelo menos duas horas antes de dormir; evitar alimentos que irritam a bexiga como chocolate e cafeína; ter uma alimentação noturna com pouco sal; e levar a criança para urinar antes de dormir.
"Mas não acorde seu filho no meio da noite para urinar. Assim, você não o está ajudando, pois ele deve perceber sozinho que a bexiga está cheia e precisa urinar. Ao acordá-lo, você impede essa percepção", explica o urologista.
Além disso, alguns pacientes podem precisar do uso de medicações que atuam impedindo a produção de muita urina à noite. Já o TENS é uma modalidade fisioterapêutica na qual estimulações elétricas na região sacral vão estimular a área do cérebro a perceber quando a bexiga está cheia.
O uso de alarmes noturnos também é eficaz para o controle da enurese noturna. Ele funciona como um sensor que dispara ao primeiro sinal de urina para acordar a criança para ir ao banheiro fazer xixi.