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Seu filho não sai do celular? Não culpe a tecnologia

Pais devem direcionar o uso e equilibrar com atividades físicas e brincadeiras

4 jan 2024 - 06h15
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Foto: Freepik

Para a pedagoga Karla Lacerda, diretora do Colégio Progresso Bilíngue Santos, a tecnologia não deve ser vista como a vilã do uso excessivo de telas pelas crianças (celulares, tablets e TVs), mas como uma ferramenta de aprendizado. 

“É sempre importante entendermos que a tecnologia faz parte do nosso cotidiano e não é a vilã da história. Precisamos aprender a lidar com ela e utilizá-la da melhor forma possível para o nosso desenvolvimento individual e social e dos nossos filhos”, diz ela.

Até porque as crianças também usam as telas para se comunicar com os colegas, pesquisar e aprender outros conhecimentos. Seja qual for o objetivo, os pais devem acompanhar esse uso, acrescenta Karla. 

“Elas acabam se comunicando com colegas no presencial e através dos jogos e redes sociais. Mas, para além da quantidade, a qualidade dessa exposição é bastante importante que os pais olhem também.”

Exposição demais é prejudicial

Quando o limite é ultrapassado, Karla reconhece que o desenvolvimento socioemocional e físico das crianças é prejudicado. 

“Há aspectos cognitivos que podem ser afetados pela excessividade do uso das telas. Estamos falando de distúrbios de aprendizagem, aumento da impulsividade e diminuição de habilidades físicas, quando a criança fica muito tempo parada na mesma posição. E o traquejo social delas também vai ficando reduzido, porque não existe troca de experiência com outras crianças”, assinala.

A diretora pedagógica do Ensino Infantil da Escola Lourenço Castanho, Fabia Antunes, afirma que os dispositivos tecnológicos são um excelente recurso para otimizar momentos de ensino-aprendizagem, desde que haja planejamento. 

“Ensinamos e mostramos às crianças e aos adolescentes como fazer o uso adequado. A escola trabalha com os estudantes o conceito de cidadania digital”, afirma. 

A decisão é familiar

O educador e consultor de mídia da Lourenço Castanho, Alexandre Le Voci Sayad, lembra que o contato da criança e adolescente com o celular é, antes de tudo, uma decisão familiar. 

“Esse é um assunto recente e controverso. O celular foi de herói a vilão em pouco tempo. Isso se deve muito ao avanço da tecnologia dos aparelhos, que estão cada vez mais envolventes e as plataformas, como redes sociais, mais atrativas, não só para crianças e adolescentes, mas para adultos também”, diz Alexandre.

Para evitar que as crianças usem demais os dispositivos móveis, a educadora parental Stella Azulay, fundadora da Juntos Educação, defende a construção de vínculos emocionais desde cedo. 

“Conectar-se com o filho é a única forma de os pais realmente estabelecerem bom diálogo e influência positiva. Essa conexão transforma a relação da família numa relação saudável, baseada em comunicação efetiva”, diz. 

A resposta está na própria tecnologia

E se a tecnologia não é o problema, ela pode ser parte da solução. Para equilibrar o uso de telas em casa, a família precisa pensar em brincadeiras e atividades físicas com a ajuda da internet. 

“O que pode ser feito, e que é muito eficaz, é os pais se sentarem com os filhos e planejar coisas que vão fazer. Deixar as crianças usarem a tecnologia para buscar curiosidades da cidade e a família fazer um passeio com base no roteiro feito por elas”, sugere Karla.

Como alternativa às telas, as atividades físicas são importantes. Esportes, caminhada e jogos de tabuleiro são alternativas lúdicas para as crianças. Uma delas é onde um dos pais organiza uma ‘caça ao tesouro’, escondendo uma relíquia familiar (álbum de fotos ou algum item que pertenceu aos antepassados). Quando ela é encontrada, os pais contam a história desse objeto. 

“A grande estratégia para tirar as crianças das telas é algo que envolva a família toda, para que se construam novas relações”, afirma.

Nesse sentido, o livro-caixinha “Conte sua história para seu filho”, de Stella, traz 100 cartas com cada uma contendo uma pergunta sobre uma passagem da vida dos pais na infância, adolescência e juventude, que pode ser usado pelos pais para reforçar os laços com os filhos. 

“Dividir histórias pessoais tem um grande impacto nas mensagens de vida para as crianças”, disse a autora. 

Para que as crianças fiquem menos tempo nas telas, Karla reforça que os pais precisam dar o exemplo. 

“Se os pais voltam cansados do trabalho e têm meia ou uma hora para ficar com os filhos, que ela seja com total atenção. Não adianta pedir para o filho sair das redes sociais se um dos pais também não se desliga delas. Eles também precisam se libertar da rotina de uso do celular”, finaliza ela. 

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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