Sexo é essencial na vida das pessoas maiores de 65 anos
A vida sexual de pessoas da terceira idade ainda é tratada como tabu, apesar de ser extremamente ativa
Quando o assunto é sexo, automaticamente pensamos em jovens e adultos, esquecendo de pessoas que estão na terceira idade. Elas representam uma grande parcela da população, e dificilmente vemos temas sexuais sendo adaptados a realidade destes indivíduos. Porém, uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, mostrou que 40% das pessoas entre 65 e 80 anos de idade, mostram-se sexualmente ativas.
"Nós temos conhecimento que a vida sexual é algo muito importante para o bem-estar físico e emocional em pessoas de terceira idade, porém, o tópico não é algo muito discutido atualmente", diz Erica Solway, uma das envolvidas na pesquisa, em entrevista ao The Guardian. Portanto, a universidade decidiu entrevistar essas pessoas para saber quais são seus posicionamentos frente ao sexo.
Com a ajuda do órgão de pesquisas em envelhecimento saudável, que faz parte da universidade, os pesquisadores lançaram um questionário online voltado ao público sênior. Em média, mais de mil pessoas com idades entre 65 e 80 anos de idade responderam ao estudo.
Dados da pesquisa
Os resultados revelam que 84% dos homens e 69% das mulheres entre 65 e 80 anos de idade, acreditam que o sexo é importante em qualquer fase da vida. 12% das mulheres alegaram ter um forte interesse em relações sexuais, contra mais de 50% que alegaram o mesmo. Poucos homens alegaram estar extremamente felizes com suas vidas sexuais em comparação às mulheres.
Outro fator importante é a idade. Quanto maior ela fosse, menor era a atividade sexual. Apenas um quarto das pessoas com 76 e 80 anos de idade disseram ser sexualmente ativas. Um número pequeno, se compararmos com 46% das pessoas entre 65 e 70 anos de idade que reportaram ainda cultivar a vida sexual.
Interpretando os dados
O sexo é visto como essencial para a maioria das pessoas de terceira idade. Porém, ao serem questionadas sobre suas vidas sexuais, estas reportam, na grande parte dos casos, insatisfação frente ao assunto. Segundo os pesquisadores, apenas 17% dos participantes alegaram discutir o tema com profissionais, apesar de dois terços dos entrevistados afirmarem que se sentiriam felizes em dialogar sobre a questão com seus médicos.
"Algumas conversas imprescindíveis não estão acontecendo", afirma Erica. "O que pode estar ocorrendo, é que os médicos estão esperando que as pessoas idosas iniciem uma conversa sobre suas vidas sexuais, porém, muitas vezes elas se sentem inseguras. Os profissionais devem abordar a questão em consultório por conta própria", conclui. Isto evitaria que o assunto fosse ignorado, e as pessoas de terceira idade se sentiriam mais acolhidas e seguras em debater o tema.
De acordo com levantamentos feitos por órgãos de saúde no Reino Unido, diagnósticos de infecções como a Clamídia, estão cada vez mais frequentes em pessoas de terceira idade. Discutir o assunto poderia aumentar a atenção da população frente às questões sexuais desse público, além de potencializar o êxito nas políticas de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis entre os idosos.
Dados complementares
18% dos homens e 3% das mulheres entre 65 e 80 anos de idade, afirmaram tomar medicamentos ou suplementos para melhorar a qualidade de suas funções sexuais. É possível que esses remédios interajam com outras medicações que estas pessoas estejam tomando, o que apenas reitera a importância do diálogo sobre a vida sexual na terceira idade.
Além disso, estudos recentes afirmam que o sexo em idades mais avançadas protege homens e mulheres contra problemas cardiovasculares. Portanto, é importante que não apenas especialistas, como a sociedade de forma geral, tenha conhecimento que pessoas idosas também merecem uma vida sexual saudável. Quando a discussão acerca do tema deixa de ser tabu, garantimos o bem estar dessa parcela da população.
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