Sífilis: com aumento dos casos, EUA aprovam teste caseiro
FDA acredita que a medida irá aumentar realização de testes para confirmação
Com o aumento dos casos de sífilis nos EUA e no mundo, o FDA (Food and Drug Administration), autorizou a venda do primeiro teste caseiro sem prescrição médica para sífilis nos EUA.
Com o novo teste da empresa de biotecnologia NOWDiagnostics, o usuário precisará de apenas 15 minutos e uma única gota de sangue para determinar se tem sífilis.
Porém, se o resultado for positivo em casa, é recomendado que a pessoa vá ao médico para fazer mais testes e confirmar o diagnóstico.
A empresa disse que o teste estará disponível ainda este ano e deverá custar US$ 29,98 (cerca de R$ 162).
É preciso confirmar o diagnóstico
Para a diretora interina do centro de dispositivos e saúde radiológica do FDA, Michelle Tarver, esse tipo de testagem deve levar ao aumento dos testes laboratoriais para confirmar o diagnóstico, o que pode resultar em mais tratamentos e reduzir a disseminação da infecção.
"O acesso a testes caseiros pode ajudar a aumentar o rastreamento inicial para sífilis, inclusive em pessoas que podem estar relutantes em procurar seu médico sobre uma possível exposição a uma infecção sexualmente transmissível", afirmou ela.
Aumento drástico nas últimas décadas
A sífilis estava perto de ser eliminada na década de 1990, mas o número de pessoas com teste positivo aumentou dramaticamente nas últimas décadas.
Nos EUA, os casos aumentaram 80% entre 2018 e 2022, inclusive entre recém-nascidos, de acordo com os dados mais recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Os casos em recém-nascidos foram mais de 10 vezes maiores em 2022 do que uma década antes.
Segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2012 a 2022 foram notificados no país mais de 1,2 milhão de casos de sífilis adquirida, mais de 537 mil em gestantes e mais de 238 mil casos de sífilis congênita (quando a criança adquire a infecção na gravidez).
Nem sempre é fácil notar a infecção
A sífilis é uma infecção bacteriana que pode parecer leve no início. Na primeira fase, as pessoas podem notar uma pequena ferida nos genitais ou ânus.
A ferida geralmente cicatriza sozinha, mas o tratamento com antibióticos ainda é necessário para evitar que a infecção se torne mais grave. Mais adiante, podem surgir manchas no corpo e mal-estar, que também tendem a sumir sozinhos.
Anos após a infecção inicial, a sífilis pode causar cegueira, surdez, danos ao cérebro e ao coração se não for tratada. Além disso, uma pessoa grávida que contrair a infecção pode sofrer um aborto espontâneo ou passar a infecção para o bebê, dando à luz uma criança com problemas médicos ao longo da vida.
O novo teste recebeu autorização da FDA após a empresa enviar dados de ensaios clínicos que mostraram que o teste "First To Know Syphilis Test" identificou uma amostra positiva com 93,4% de eficácia. Os ensaios também mostraram que era fácil para pessoas sem treinamento médico utilizar o teste.
E no Brasil?
No Brasil, é possível realizar o teste rápido para sífilis sem pedido médico e de forma gratuita em unidades do SUS (Sistema Único de Saúde). Também há algumas farmácias habilitadas a realizar o teste de sífilis (a preços variáveis), bem como de HIV e hepatites virais, mas apenas com finalidade de triagem, de acordo com nota técnica do Ministério da Saúde.
Segundo o Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi), a medida recente foi tomada para ampliar o acesso à testagem entre pessoas que, por motivos diversos, não buscam ou não têm acesso aos serviços do SUS para testagens rotineiras.