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Sífilis: com aumento dos casos, EUA aprovam teste caseiro

FDA acredita que a medida irá aumentar realização de testes para confirmação

20 ago 2024 - 09h04
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O teste caseiro para sífilis First To Know® (ou "Primeiro(a) a saber", em inglês)
O teste caseiro para sífilis First To Know® (ou "Primeiro(a) a saber", em inglês)
Foto: Divulgação/NOWDx / Jairo Bouer

Com o aumento dos casos de sífilis nos EUA e no mundo, o FDA (Food and Drug Administration), autorizou a venda do primeiro teste caseiro sem prescrição médica para sífilis nos EUA.

Com o novo teste da empresa de biotecnologia NOWDiagnostics, o usuário precisará de apenas 15 minutos e uma única gota de sangue para determinar se tem sífilis.

Porém, se o resultado for positivo em casa, é recomendado que a pessoa vá ao médico para fazer mais testes e confirmar o diagnóstico.

A empresa disse que o teste estará disponível ainda este ano e deverá custar US$ 29,98 (cerca de R$ 162).

É preciso confirmar o diagnóstico

Para a diretora interina do centro de dispositivos e saúde radiológica do FDA, Michelle Tarver, esse tipo de testagem deve levar ao aumento dos testes laboratoriais para confirmar o diagnóstico, o que pode resultar em mais tratamentos e reduzir a disseminação da infecção.

"O acesso a testes caseiros pode ajudar a aumentar o rastreamento inicial para sífilis, inclusive em pessoas que podem estar relutantes em procurar seu médico sobre uma possível exposição a uma infecção sexualmente transmissível", afirmou ela.

Aumento drástico nas últimas décadas

A sífilis estava perto de ser eliminada na década de 1990, mas o número de pessoas com teste positivo aumentou dramaticamente nas últimas décadas.

Nos EUA, os casos aumentaram 80% entre 2018 e 2022, inclusive entre recém-nascidos, de acordo com os dados mais recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Os casos em recém-nascidos foram mais de 10 vezes maiores em 2022 do que uma década antes.

Segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2012 a 2022 foram notificados no país mais de 1,2 milhão de casos de sífilis adquirida, mais de 537 mil em gestantes e mais de 238 mil casos de sífilis congênita (quando a criança adquire a infecção na gravidez).

Nem sempre é fácil notar a infecção

A sífilis é uma infecção bacteriana que pode parecer leve no início. Na primeira fase, as pessoas podem notar uma pequena ferida nos genitais ou ânus.

A ferida geralmente cicatriza sozinha, mas o tratamento com antibióticos ainda é necessário para evitar que a infecção se torne mais grave. Mais adiante, podem surgir manchas no corpo e mal-estar, que também tendem a sumir sozinhos.

Anos após a infecção inicial, a sífilis pode causar cegueira, surdez, danos ao cérebro e ao coração se não for tratada. Além disso, uma pessoa grávida que contrair a infecção pode sofrer um aborto espontâneo ou passar a infecção para o bebê, dando à luz uma criança com problemas médicos ao longo da vida.

O novo teste recebeu autorização da FDA após a empresa enviar dados de ensaios clínicos que mostraram que o teste "First To Know Syphilis Test" identificou uma amostra positiva com 93,4% de eficácia. Os ensaios também mostraram que era fácil para pessoas sem treinamento médico utilizar o teste.

E no Brasil?

No Brasil, é possível realizar o teste rápido para sífilis sem pedido médico e de forma gratuita em unidades do SUS (Sistema Único de Saúde). Também há algumas farmácias habilitadas a realizar o teste de sífilis (a preços variáveis), bem como de HIV e hepatites virais, mas apenas com finalidade de triagem, de acordo com nota técnica do Ministério da Saúde. 

Segundo o Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi), a medida recente foi tomada para ampliar o acesso à testagem entre pessoas que, por motivos diversos, não buscam ou não têm acesso aos serviços do SUS para testagens rotineiras. 

Jairo Bouer
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