'Surubão' não acontece só no Arpoador: outros pontos do Rio também são usados por praticantes
Dopping é a prática se fazer sexo em público e com desconhecidos; caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio
O ‘Surubão do Arpoador’, no Rio de Janeiro, durante a virada de 2025 criou um alvoroço na capital carioca e nas redes sociais. Embora o caso esteja em investigação após a repercussão, o dopping, nome dado a prática do sexo em público com desconhecidos, ela é relativamente comum em outras áreas da cidade.
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Um praticante anônimo informou ao jornal O Globo que Botafogo e Aterro do Flamengo, na mesma área, e na região da Reserva, na zona oeste do Rio, também são pontos de encontro para quem gosta dessa prática.
No Botafogo, o Mirante do Pasmado é um dos locais escolhidos pelos mais aventureiros, pois é exposto à rua, e com vista para a Praia de Botafogo. Há também pontos mais reservados nessa área, adentrando por uma pequena trilha, o que traz mais segurança e discrição.
“As pessoas chegam devagar, vão olhando em volta e perguntam se podem descer e participar. Às vezes já tem muita gente, aí tem que esperar. Tem muito casal de classe alta que vem pra namorar”, relata. Na maior parte das vezes, essas práticas ocorrem entre às 22h e às 6h, quando há menos movimentação.
Apesar da prática vir à tona em 2025, essa prática existe há pelo menos três décadas, conforme aponta o entrevistado. ele explica que é um feitiche. “As pessoas têm esse tipo de fantasia sexual, de fazer sexo com espectadores, de ver o parceiro ou a parceira com outro”, aponta.
Há códigos a serem respeitados: as pessoas chegam devagar, observam o entorno. Chegam até a conversar com quem está presente para entender como funciona a situação. As mulheres geralmente usam saia ou vestido. Caso estejam no carro e a luz estiver acesa, quem está ali pode assistir. Já se a janela estiver aberta, desde que haja consentimento, a mão pode ser passada em quem estive fazendo sexo. Se a porta está aberta, outras pessoas podem se juntar a quem está no veículo.
Outro ponto de encontro é entre a Ilha 2 e a Ilha 3, na Praia da Reserva. No deck, alguns homens costumam ir só para assistir a outros homens transando ali. Alguns deles usam o local como o ‘after’ de uma casa de swing da região.
Tem quem preze pelo perigo, encarando o Aterro do Flamengo, correndo o risco de ser assaltado. “Tem gente que tem tesão em viver essa tensão e o perigo. É mais adrenalina, e isso excita. Cada um com seu cada um. É um pouco do caráter transgressor também, de fazer algo proibido. Tem gente que faz até live durante o ato”, esclarece o anônimo.
‘Surubão do Arpoador’
Na manhã seguinte às celebrações do Réveillon, testemunhas flagraram cenas de masturbação coletiva e outras práticas íntimas em local público. Vídeos do ocorrido rapidamente viralizaram nas redes sociais e o episódio foi apelidado de ‘Surubão do Arpoador’.
O crime de ato obsceno, previsto no artigo 233 do Código Penal, ocorre quando uma pessoa pratica um ato vulgar ou indecente em lugar público, aberto ou visível ao público. A pena prevista é de detenção, de três meses a um ano, ou multa. Esse é um delito de menor potencial ofensivo, e o processo e julgamento são de competência do Juizado Especial Criminal.
Investigação
Agentes da Polícia Civil estão utilizando tecnologia de reconhecimento facial para identificar os participantes da orgia ao ar livre. Conforme Sandro Caldeira, delegado do caso, informou ao jornal O Globo, imagens de câmeras de segurança do local foram captadas e encaminhadas ao Instituto de Identificação Félix Pacheco, que fará a identificação com tecnologia fornecida pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Esse sistema, então, irá gerar uma lista de até 100 nomes a partir de um banco de dados, de acordo com explicação de Alexandre Trece Motta, diretor do Instituto. Sem a autoria determinada, os agentes prosseguirão com a investigação para localizar os suspeitos.
Segundo o delegado, os identificados após esse processo serão convocados para prestar depoimento. O caso está sendo investigado pela 14ª Delegacia de Polícia (Leblon).
Ao Terra, a Polícia Civil afirmou que “agentes analisam imagens que circularam em redes sociais e realizam outras diligências para identificar os envolvidos”.