Terapia de Exposição: o que é e em quais casos ela é indicada
A abordagem é eficaz no tratamento de fobias e ansiedades, desde que seja feita com cautela e respeite os limites do paciente
A terapia de exposição, uma das técnicas mais eficazes da terapia cognitivo-comportamental, vem sendo amplamente utilizada no tratamento de transtornos de ansiedade e fobias. O objetivo dessa abordagem é, como o próprio nome insinua, expor o paciente de maneira gradual e controlada a situações ou objetos que desencadeiam seu medo para, assim, reduzir o sofrimento.
Em quais casos utilizar a terapia de exposição
"A terapia de exposição nada mais é do que uma das abordagens que a gente pode trabalhar na própria terapia cognitivo-comportamental, porque é uma forma de você expor o paciente naquilo que deixa ele com ansiedade", explica a psicóloga Patrícia Peixoto. Recomenda-se o método para casos de fobias específicas e transtornos de ansiedade, sendo um importante aliado para lidar com o sofrimento gerado por situações temidas.
O diferencial dessa técnica em relação a outras abordagens está na maneira como ela guia os pacientes para enfrentar seus medos. Realiza-se o processo de forma gradual, e é necessário que ele se sinta mais confortável a cada etapa. "Colocamos o paciente nessa terapia como uma forma dele encarar aquilo que está acontecendo", pontua Patrícia. Por exemplo, no caso de uma pessoa que tem medo de andar de avião, o processo começa com a compreensão do medo e a familiarização com o objeto de ansiedade. "Entendemos se o paciente já andou ou não de avião, se é algo que ele tem aversão, mesmo sem ter conhecido, e começamos a apresentar o avião antes mesmo dele entrar."
Precisa ser aos poucos
O processo envolve etapas que vão desde a visualização de fotos e vídeos até visitas ao aeroporto, tudo cuidadosamente planejado para garantir que o paciente se sinta seguro. Em alguns casos, a exposição pode incluir entrar em um avião, mesmo que ele não decole, permitindo que o paciente sinta o ambiente sem enfrentar o voo de imediato. A ideia é que, aos poucos, ele vá se familiarizando com o objeto de seu medo e vá reduzindo a ansiedade, de forma controlada.
O resultado depende de alguns fatores
O sucesso da terapia de exposição está relacionado à forma como o cérebro reage ao processo gradual de enfrentamento do medo. "O paciente vai se sentindo confortável aos poucos, porque ele vai entendendo como aquilo funciona. O risco continua existindo, porém ele sabe como se sente estando ali", destaca a psicóloga. À medida que o paciente fica exposto à situação temida em um ambiente controlado, ele começa a perceber que a catástrofe que imagina não ocorre, o que contribui para a reestruturação de pensamentos disfuncionais e o alívio da ansiedade.
A eficácia da terapia de exposição pode variar conforme a gravidade da fobia e o progresso do paciente. "Tudo vai depender da evolução do paciente durante os processos elaborados pela terapia", afirma Patrícia. Existem casos em que a abordagem é 100% eficaz, levando o paciente a superar completamente o medo. Em outros, pode haver uma redução significativa da ansiedade, mas ainda assim persiste algum desconforto. Nos casos mais graves, pode ser necessário prolongar o tratamento ou associá-lo a medicamentos que auxiliem no controle da ansiedade.
No tempo do paciente
Um aspecto interessante da terapia de exposição é que não há um número exato de sessões necessárias. "Não tem uma quantidade de sessões tabulada, mas é importante que seja no tempo do paciente, que ele se sinta confortável em cada etapa", explica a psicóloga. A velocidade do tratamento deve estar sempre adaptada de acordo com o conforto da pessoa, finalizando cada etapa quando ela se sentir pronta para avançar. Desde a visualização de imagens até a experiência real, o indivíduo precisa estar preparado para cada fase antes de seguir adiante.
A terapia de exposição precisa estar junto de outras abordagens
A terapia de exposição não é - e nem deve ser - uma técnica isolada. Ela deve estar integrada a outras abordagens dentro da própria terapia cognitivo-comportamental. "A terapia de exposição é um complemento, como se fosse uma forma da gente trabalhar determinada coisa, mas está dentro da terapia cognitivo-comportamental, não é uma coisa totalmente separada", ressalta Patrícia. Isso significa que, enquanto o paciente trabalha para enfrentar seu medo de forma gradual, ele também pode estar sendo acompanhado em outros aspectos de sua ansiedade ou fobia, utilizando outras técnicas terapêuticas.
Terapia de exposição no dia a dia
Também aplica-se conceito da terapia de exposição fora do consultório, desde que feito de maneira cautelosa. Patrícia sugere que o paciente pode começar a enfrentar seu medo em momentos do dia em que se sentir confortável para isso. "Pode ser feito, por exemplo, com alguns minutos do dia destinados a ver fotos e vídeos, mas sempre se precavendo de um possível gatilho." Ela reforça a importância de não forçar o processo, pois a ansiedade deve ser trabalhada de maneira gradual para que o paciente consiga avançar sem retroceder.
Os riscos podem ser minimizados
Como em qualquer abordagem terapêutica, a terapia de exposição envolve alguns riscos, principalmente relacionados ao ritmo do tratamento. "O mais importante é realmente seguir a etapa do paciente, deixar com que ele se sinta confortável", explica Patrícia. Quando se trata de fobias extremas, como o medo de voar, há sempre uma pequena possibilidade de algo dar errado, o que pode gerar pânico. "É uma probabilidade baixa, mas não tem como garantir que nada vai acontecer. Há o risco dele ter um pânico dentro do avião, por isso deve-se aplicar aos poucos, minuciosamente."
Através da construção de confiança e da exposição cuidadosa, a técnica permite que o paciente desenvolva uma nova relação com o objeto ou situação temida, levando à superação ou ao controle da ansiedade. Como reforça Patrícia Peixoto, mais uma vez, "o processo é gradual e adaptado ao paciente, respeitando seu tempo e limites, para que ele possa avançar de maneira segura e eficaz."