Terceiro paciente com HIV é curado após transplante de células-tronco
A cura do 3º paciente com HIV traz esperança aos cientistas, mas estes não deixam de lembrar que o mesmo tratamento não foi eficaz para outros pacientes
O HIV, ou vírus da imunodeficiência humana, é conhecido por ser o causador de Aids e não ter uma cura conhecida. Mas esse problema pode estar perto de ser resolvido. Um estudo recente divulgado pela revista científica Nature mostrou um paciente que foi possivelmente curado da doença, graças a um transplante de células-tronco.
Sendo chamado de "paciente de Düsseldorf", graças ao nome da cidade alemã onde ocorreu o estudo, o homem de 53 anos se junta a lista de três pessoas que teriam sido curadas do HIV. Os outros casos são de Londres e Berlim. Nestes casos, o doador do transplante obtinha uma rara mutação resultante em uma resistência ao HIV.
As três ocorrências mostram que os processos são promissores, uma vez que se repetem e não são isolados. Essa sequência leva esperança aos cientistas, mas estes não deixam de relembrar que o mesmo tratamento não foi eficaz para vários outros pacientes.
Para os especialistas Sharon Lewin e Jennifer Zerbato, que escreveram na revista científica The Lancet em 2020, "É difícil provar conclusivamente que alguém esteja curado de HIV porque o vírus pode permanecer escondido dentro de células imunes de vida muito longa", concluem.
3º paciente com HIV é curado: como ocorreu o transplante?
O caso de Düsseldorf ocorreu durante o tratamento do paciente que sofria de leucemia mieloide aguda, um tipo de câncer que afeta a medula óssea, ou seja, por onde passam os glóbulos brancos responsáveis pelo sistema imunológico. O homem tomava remédios antivirais de HIV até o ano de 2018.
Quatro anos após finalizar a terapia antirretroviral, nenhum vestígio do vírus de HIV que pudesse causar uma infecção foi registrado no corpo do homem. O HIV-1, subtipo do HIV que vem da mutação do vírus, parece ter sido curado dentro do organismo do paciente. Isso ocorre, pois o transplante transforma o sistema imunológico em um sistema resistente ao HIV.
Nada é definitivo
Apesar dos resultados otimistas nos três casos, ainda é preciso entender que o transplante já possa substituir o tratamento existente para o HIV. Esse procedimento possui também uma toxicidade associada. Ele precisa de remédios que suprimem o sistema imunológico. Estes, por sua vez, podem aumentar infecções e fazer com que as células imunes transplantadas prejudiquem o tecido hospedeiro.