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Transtorno Explosivo Intermitente: quando as explosões de raiva indicam uma doença?

O TEI, também chamado de Síndrome do Hulk, é um transtorno subestimado, mas que merece atenção, como indica a psiquiatra e colunista da Bons Fluidos Dra. Jéssica Martani

11 abr 2024 - 17h06
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Conta pra mim: você já teve um dia de fúria? Já chegou a gritar, bater ou quebrar coisas? Infelizmente, a maioria de nós já passou por situações desafiadoras em que, nelas, muitas vezes, perde-se o controle.

Transtorno Explosivo Intermitente: quando as explosões de raiva indicam uma doença?
Transtorno Explosivo Intermitente: quando as explosões de raiva indicam uma doença?
Foto: Freepik / Bons Fluidos

O Transtorno Explosivo Intermitente, ou a Síndrome do Hulk, é um tema bem interessante e vale a leitura. Esse transtorno, muitas vezes subestimado, merece nossa atenção devido as suas consequências devastadoras, já que os "surtos" de raiva podem acontecer. Mas quando isso pode ser considerado uma doença?

O que é o Transtorno Explosivo Intermitente?

Como eu falei, as explosões de raiva podem acontecer com qualquer pessoa, principalmente quando o "copo está cheio", quando estamos estressados, trabalhando muito, quando estamos em meio a multitarefas ou passando por situações desafiadoras. Porém, o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) é uma doença e vai muito além do que estar estressado.

O TEI geralmente começa na infância ou na adolescência e tende a persistir durante anos, afetando, principalmente, pessoas mais jovens.

A causa do TEI é multifacetada. Geralmente esse transtorno advém de uma história marcada por um trauma físico e emocional durante as primeiras duas décadas de vida. Os fatores genéticos também têm sua importância, sendo que, se há parentes de primeiro grau com o transtorno, há aumento de probabilidade de desenvolvimento.

As teorias apontam alterações neuroquímicas, principalmente em relação à serotonina e uma hiperatividade de uma área cerebral chamada amígdala. Esse local é responsável, mediante rede complexa neuronal, por receber estímulos externos e com isso enviar sinais para áreas cerebrais que vão interpretar se o estímulo é ameaçador ou não. Uma hiperatividade dessa região revela uma maior reação e impulsos quando falamos sobre luta e fuga.

Por isso, essas explosões de ira, que representam uma falha no controle dos impulsos, é mais do que um estresse. São surtos de raiva que compreendem agressão verbal e agressão física dirigida a indivíduos, animais ou propriedades.

Diagnóstico do TEI

Episódios de ira que aparecem duas ou mais vezes na semana, por cerca de três meses. Essa é a frequência inicial para diagnosticar o Transtorno Explosivo Intermitente e um dos primeiros sinais que vocês, leitores, devem notar para procurar ajuda especializada.

Mas quando essas agressões são tão fortes a ponto de ocasionar danos ou destruição, o diagnóstico pode vir após três explosões comportamentais que podem ocorrer num período de 12 meses.

Devido à formação neurológica da criança ainda não ser completa, é necessário o indivíduo ter, no mínimo, 6 anos para realizar o diagnóstico.

Diagnosticar o TEI requer uma avaliação cuidadosa de um profissional de saúde mental, para excluir outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes, pois muitos outros transtornos cursam com crises de agressividade e, para diagnosticar o Transtorno Explosivo Intermitente, precisamos excluir outros diagnósticos como, TDAH, autismo, transtorno de personalidade antissocial, borderline e doenças orgânicas, uso de medicações ou substancias, e ainda é preciso excluir fatores como desafios novos na vida. Ou seja, é necessária uma avaliação profunda para entender se as explosões são situacionais ou tratam-se de um transtorno, efetivamente.

Desenvolvimento e curso

O início de comportamentos agressivos impulsivos é mais comum na fase final da infância ou na adolescência - e raramente se inicia depois dos 40 anos. Geralmente, as características centrais do Transtorno Explosivo Intermitente são persistentes e continuam por muitos anos e cursam com sensação de culpa.

Os problemas são diversos: instabilidade conjugal, dificuldade fazer e manter amigos, perdas sociais e profissionais, rebaixamento de posto, perda de emprego, déficits financeiros causados pelo valor de objetos destruídos ou legais, como, por exemplo, ações civis resultantes de comportamentos agressivos contra pessoas ou propriedades ou ações criminais por violência.

Reconhecer e compreender o TEI é o primeiro passo para fornecer suporte adequado para as pessoas que lutam contra esse transtorno. A conscientização pública sobre o TEI é fundamental para garantir que aqueles que sofrem com ele recebam a ajuda de que precisam para recuperar o controle de suas vidas e encontrar caminhos para a estabilidade emocional e o bem-estar.

É importante ainda que a sociedade reconheça e compreenda o TEI, fornecendo suporte e intervenção adequados para aqueles que lutam contra esse transtorno. A conscientização é o primeiro passo para lidar com essa condição debilitante e ajudar aqueles que sofrem com ela a recuperar o controle de suas vidas.

É extremamente necessário que haja mais conscientização e menos julgamento para tratar essas pessoas que necessitam de psicoterapia e, muitas vezes, medicamentos para melhorar os sintomas da impulsividade.

Bons Fluidos
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