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Baleias gostam mesmo é da Bahia

Esses gigantes da Antártica amamentam filhotes ou se reproduzem na região [...]

26 nov 2023 - 07h41
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Em 2023, as baleias-jubarte deram um show.

A temporada oficial mal tinha começado, quando os primeiros animais foram vistos em Ilhabela (SP) e Arraial do Cabo (RJ), no início de maio, confirmando a hipótese do Projeto Baleia Jubarte de aumento na área e no período de presença desses animais em águas brasileiras.

Maior monitoramento e sensibilização para um turismo de observação melhor preparado para esse tipo de atividade são algumas das explicações para o aumento no número de animais.

Foto: Projeto Baleia Jubarte/Divulgação / Viagem em Pauta

Só em 2022, segundo o último censo aéreo divulgado, foram vistas 25 mil baleias, aproximadamente, circulando ao longo de 6.204 quilômetros, entre São Paulo e o Rio Grande do Norte.

Mas esses gigantes provenientes das águas frias da Antártica, que não são bobos nem nada, gostam mesmo é da… Bahia.

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BAHIA

É no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no extremo sul do estado, que baleias-jubarte desembarcam nesse conjunto de ilhas, a 70 quilômetros da costa baiana, onde encontram águas rasas, quentes e tranquilas, ideais para reprodução e criação de filhotes.

"Abrolhos é um grande terraço, onde a plataforma continental se estende a muitos quilômetros da costa. É como se fosse uma piscina infantil do clube, um lugar ideal para mães e filhotes", explica Eduardo Camargo, diretor executivo do Projeto Baleia Jubarte.

A temporada de observação no maior berço reprodutivo do Atlântico Sul vai de julho a novembro, quando os animais deixam o extremo sul do planeta para amamentar filhotes ou se reproduzir em águas brasileiras.

Os passeios até o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos saem de Caravelas, município a 250 km de Porto Seguro, e duram cerca de três horas, de acordo com as condições do mar e do número de paradas para observação.

O mergulho com cilindro é a melhor atividade recreativa naquelas águas de boa visibilidade, mas para quem não é credenciado, a alternativa são os bate e volta que incluem atividades como snorkeling e observação de aves.

Mas sejamos sinceros. Com poucos atrativos em terra, o melhor de Abrolhos continua sendo o fundo do mar e em viagens sem pressa, como os liveavoards de três dias de duração, em embarcações adaptadas para mergulhadores.

Criado em 1983, o parque protege uma área de pouco mais de 91 mil hectares e é formado por cinco ilhas de origem vulcânica, cujo desembarque é autorizado na Siriba, onde é feita uma breve caminhada de 200 metros, acompanhada por monitores ambientais que levam os visitantes até ninhos de atobás-brancos.

O arquipélago é formado também por outras ilhas menores, Redonda, Sueste e Guarita.

Já a Santa Bárbara é a maior da região e serve de residência temporária de cientistas e militares que, em alguns casos, liberam visitantes para subir até o farol, uma construção de 1861 com alcance de 80 quilômetros.

ABRA OS OLHOS

Nas antigas cartas náuticas, uma expressão advertia quem navegava pelas agitadas águas que escondiam imensos recifes de corais da região: 'Abra os olhos'.

Nem Charles Darwin economizaria nos adjetivos, durante sua viagem científica a bordo do MS Beagle, em 1832.

Em março daquele ano, o jovem naturalista britânico registrou em seu diário as impressões sobre aquelas ilhas "de um verde brilhante", "pássaros abundantes" e um "fundo do mar em volta, densamente coberto por enormes corais… de aparência semelhante ao cérebro".

Atualmente, já se sabe que o coral-cérebro da Bahia só existe em Abrolhos e dá forma a impressionantes estruturas coralíneas que só existem por ali, os surreais chapeirões, um dos maiores perigos à navegação em Abrolhos.

Essas colunas em forma de cogumelo podem alcançar mais de 20 metros de altura e cerca de 50 metros de diâmetro no topo, permitindo o mergulho em seu interior arenoso.

BALEIAS-JUBARTE

Se até a primeira metade do século passado, a população não chegava a 5%, a proibição de caça, a partir de 1966, trouxe benefícios também para a cadeia econômica que gira em torno do turismo de observação desses animais.

Em 1988, cinco anos depois da criação do parque nacional, surgia o Projeto Baleia Jubarte, iniciativa que vem colaborando, expressivamente, no retorno dos animais, quando um grupo de biólogos implantou uma coleta sistemática de dados científicos.

"A gente passou de um momento que estava fazendo a gestão da escassez da jubarte e passamos para a gestão da abundância. Então agora as preocupações mudam. Estamos muito atentos à questão dos atropelamentos, de navegação, de outras atividades que possam vir a impactar a baleia ou também ser impactadas, como a pesca", comemora Eduardo.

A indústria turística também tem sido afetada, positivamente, com a maior sensibilização sobre os impactos do turismo em toda a biodiversidade, além de movimentar a economia e gerar renda para a população local.

Atualmente, o Projeto Jubarte tem parceria com agências de turismo, em destinos como o litoral paulista (Ilhabela e São Sebastião), Vitória, no Espírito Santo, e em cidades da Bahia, como Porto Seguro, Caravelas, Prado e Salvador.

"Quando você traz operadores para próximo e dá informação adequada, eles também ficam sensibilizados da importância e responsabilidade para com o sucesso da operação", completa o executivo.

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