Conheça o município mais indígena do Brasil
Dentro dessa cidade, caberia todo o Estado de Pernambuco. Por outro lado, vinte edifícios iguais ao famoso paulistano Copan seriam suficientes para abrigar sua população. O local dá acesso ao pico mais alto do Brasil, e ainda está rodeado pela maior floresta tropical do mundo. Completando os motivos pelos quais São Gabriel da Cachoeira (AM) é mesmo especial, 90% do município é indígena, incluindo o prefeito e seu vice, eleitos em 2008.
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Explicar onde fica São Gabriel é fácil. Basta olhar no mapa do Amazonas e procurar, no noroeste, um desenho que se assemelha a um animal - a região é conhecida como "Cabeça do Cachorro". Chegar lá não é tão fácil assim. O centro de São Gabriel da Cachoeira fica às margens do Rio Negro, a 850km de Manaus. As opções são barcos, em uma viagem de três ou quatro dias, ou vôos que partem da capital. Ambas doem no bolso.
A maior parte do território do município é pura Floresta Amazônica, salpicada por tribos indígenas, o que o torna um destino de sonho para ecoturistas e interessados em mergulhar na cultura desses povos. O visitante deve, no entanto, ter em mente que a cidade é pobre e sem muita infra-estrutura para acolhê-lo, com acomodações e restaurantes simples e em número reduzido.
Quem não fizer questão de conforto, terá diante de si um novo mundo. Ali, além do português, existem três línguas co-oficiais: Nheengatu, Tukano e Baniwa. A população urbana é majoritariamente indígena, mas há ainda aldeias de várias etnias que mantêm seus costumes tradicionais. O acesso a elas é feito por voadeiras - barcos com motor -, em viagens que duram várias horas. Para visitá-las, é preciso autorização da Funai.
Outra maneira de conhecer a cultura desses povos é pela Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (FOIRN). Na sede da organização, na avenida Álvaro Maia, é possível comprar artesanato indígena e saber mais sobre os grupos que habitam a região.
Além de cultura, São Gabriel da Cachoeira, como seu próprio nome diz, é natureza. Há a floresta, ainda mais surpreendente ao vivo do que nas fotografias; as cachoeiras, fruto da fusão das águas com o relevo acidentado; e o Rio Negro, que forma praias em suas margens durante a seca (entre setembro e janeiro). A cidade também é o principal ponto de apoio para quem quer escalar o Pico da Neblina. O passeio precisa ser feito com guia e combinado com a administração do parque nacional que leva o nome na montanha.