Revista seleciona 10 joias secretas do Brasil
Um Brasil que poucos conhecem. É esse o roteiro que o fotógrafo Valdemir Cunha percorreu nos últimos dez anos e revela na edição de novembro da revista Lonely Planet Brasil. Com mais de cem viagens na bagagem para a produção de seu livro Brasil Invisível, o fotógrafo selecionou 10 regiões que são joias secretas do país. Confira.
Cânions do Sul
Relativamente perto de Porto Alegre e Florianópolis, a área entre Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, e Urubici, em Santa Catarina, reserva belezas naturais fascinantes, com abismos de até mil metros de profundidade e vista para o Oceano Atlântico. O local preserva a cultura de colonos europeus e gaúchos. Lugares como São José dos Ausentes (RS), por exemplo, têm estâncias que conservam ainda hoje tradições da época da Guerra dos Farrapos (1835-1845), como a forma de tocar o gado, o uso do chimarrão e a dança do fandango.
Pantanal na Amazônia
Nada de árvores gigantes e floresta fechada, em Manacapuru, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piranha, a Amazônia se assemelha muito ao Pantanal, com 150 lagos e grande diversidade de bichos. Nos meses de cheia, entre dezembro e junho, tudo fica alagado. . Já durante a seca, as águas baixam e o lugar é invadido por uma quantidade de pássaros que realmente lembram as cenas apreciadas no Pantanal.Noventa por cento das casas da região são flutuantes e construídas sobre grandes toras, ancoradas na margem do rio para acompanhar o sobe e desce das águas.
Sertão baiano com araras-azuis-de-lear
Quem gosta de avistar pássaros deve conhecer a Estação Biológica de Canudos, na Bahia, com suas araras-azuis-de-lear. Já os apreciadores de história, vão adorar observar as lembranças do conflito de Canudos e de Conselheiro estão impregnados pela região.
Sem energia elétrica, muita história e beleza
Belíssimo lugar, o Vão de Almas fica dentro do território dos kalungas, a maior área quilombola do Brasil, com 230 mil hectares. Ele é localizado no noroeste de Goiás, no município de Cavalcante, distante 300 quilômetros de Brasília, onde não há energia elétrica. A região está encravada entre montanhas e é banhada pelos Rios das Almas e Paranã, que possuem lindas praias de areia branca que parecem na estação seca, a partir de maio.
Água no deserto
Quem deseja realmente conhecer os Lençóis Maranhenses deve esquecer os tradicionais pacotes turísticos. Siga sem medo para o Parque Nacional e ali verá os verdadeiros Lençóis. Apenas seis dias são suficientes para fazer a travessia do Parque, em um ritmo de quatro horas de caminhada diária. O cenário lembra um deserto, com dunas gigantes a perder de vista formando grafismos inimagináveis com areia e água. Nessa versão brasileira de deserto, a água é o elemento que dá o colorido à paisagem, pintando de verde o branco da areia fina.
Cavernas no sertão
Um lugar desconhecido por muitos viajantes é o Vale do Catimbau, no sertão de Pernambuco – parque criado em dezembro de 2002 com 62,3 mil hectares. A região tem cerca de mil cavernas de arenito, das quais 28 já são reconhecidas como cavernas-cemitérios. Além disso, pesquisadores encontraram 30 sítios arqueológicos, que tornam o local o segundo mais importante parque do Brasil.
Riqueza do Pantanal: o pantaneiro
Além da paisagem repleta de espelhos d’água e a variedade da fauna, há uma riqueza nesta planície, que se estende do Mato Grosso do Sul ao Mato Grosso: o pantaneiro. Visitar o local, deixando de lado os safáris e voltar à atenção ao dia a dia do pantaneiro torna a viagem muito mais interessante. E, de quebra, há a possibilidade de ver mais bichos do que se imagina e conhecer lugares que, provavelmente, não fariam parte do roteiro convencional.
Dificuldades que recompensam
O Parque Nacional Grande Sertão Veredas fica no norte de Minas Gerais e tem 231,6 mil hectares. A dificuldade de acesso e a falta de estrutura para receber visitantes da pequena cidade de Chapada Gaúcha afugenta qualquer viajante que exige conforto. Mas quem consegue vencer os obstáculos é recompensado por um dos mais belos parques nacionais com bioma do cerrado do Brasil.
A beleza das águas
Mesmo depois de ser cenário de novela da TV Globo, Marajó, a maior ilha fluviomarinha do mundo, ainda é desconhecida mesmo para os viajantes mais rodados. Lá o regime das águas é tão importante quanto no Pantanal. Por seis meses, o Rio Amazonas invade a ilha e alaga quase todos os campos e praias. Já no período da seca, de julho a dezembro, os campos aparecem e o mar avança nas praias, fazendo a água salgada banhar novamente o lado virado para o Atlântico.
Capim-dourado com aventura
Para quem gosta de aventura, viajar pelo Jalapão fazendo rafting no Rio Novo é, sem dúvida, uma das melhores experiências que se tem no Brasil. Esse lugar une a vegetação do cerrado com montanhas e grandes dunas, veredas repletas de buritizais e o rio Novo com águas límpidas. Nesta viagem também é interessante conhecer as comunidades no Jalapão, como a de Mumbuca, que tornou o artesanato feito com capim-dourado conhecido em todo Brasil e até em outros países.