Tiradentes preserva prédios e calmaria dos tempos de arraial
Tiradentes, uma das cidades históricas do sul de Minas Gerais, não é só um conjunto de prédios do século XVIII. É isso mais um arredor com muito verde e um delicioso clima de vilarejo pacato, mesclado com restaurantes de primeira linha. A cidade também serve de cenário para sediar eventos de gastronomia e cultura, como o tradicional "Festival de Cinema de Tiradentes".
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O município tem pouco mais de sete mil habitantes. Nasceu como um arraial, a que chamaram de Santo Antônio. Pouco tempo depois, na outra margem do rio das Mortes, se formou um novo arraial e, por oposição, Santo Antônio passou a ser conhecido por "Arraial Velho". Quando se tornou uma vila, em 1718, recebeu o nome de São José, e assim ficou até a República ser proclamada. Virou, então, Tiradentes, em homenagem ao herói da Inconfidência Mineira. Não é certo, porém, que ele tenha nascido lá - seu berço é disputado também por Ritápolis e São João Del Rei.
O espírito de arraial, porém, permanece. Não há a efervescência universitária de Ouro Preto, por exemplo. Nas ruas estreitas, nas ladeiras de pedra, entre o casario colonial da Era do Ouro, o turista recebe vários "boa tarde", "bom dia" e "boa noite" dos moradores. Mas é um arraial muitíssimo bem cuidado, limpo e preservado.
Cercada pela serra de São José - onde existe até um calçadão de pedras do tempo dos escravos -, e margeada pelo rio das Mortes, a cidade é rodeada de mata e sobram resquícios da exploração do ouro. A mineração foi a principal atividade econômica do local até meados do século XIX.
A Matriz de Santo Antônio, cuja construção foi iniciada em 1710, guarda alguns dos tesouros herdados dessa época. Com projeto da fachada atribuído a Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho -, seus altares têm talhas douradas de estilo barroco, além de pinturas, entalhes rococós e um órgão português que chegou ao Brasil em 1788.
Descendo a ladeira da igreja, está o chafariz São José, que data de 1749. Durante quase três séculos, foi utilizado para abastecer toda a vila, além de servir para lavagem de roupas e como bebedouro dos cavalos que atravessavam a região. Até hoje o barulho da água sobre as pedras antigas compõe a trilha sonora da cidade, ecoando pelas paredes antigas dos prédios históricos. E é nele que o turista mata a sede - de água e de aconchego.