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Turismo cresce no Complexo do Alemão

26 nov 2012 - 07h48
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Durante mais de duas décadas o Complexo do Alemão, conjunto de favelas em Bonsucesso, zona norte do Rio de Janeiro, foi uma parte da cidade desconhecida para a maioria dos cariocas. Quem não morava ali, era impedido de entrar pelos traficantes de drogas que, fortemente armados, controlavam a vida de todos os habitantes da região.

Maior atrativo é o teleférico. Nem o domingo de chuva afugentou os turistas
Maior atrativo é o teleférico. Nem o domingo de chuva afugentou os turistas
Foto: Jornal do Brasil

Favelas pacificadas no Rio têm belas atrações turísticas

Porém, desde que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), se instalou no local e o teleférico, que conecta todas as comunidades, foi inaugurado, em julho de 2011, cariocas, brasileiros e até estrangeiros começam a descobrir uma parte nova do município. Com a maior exposição do local na televisão, o complexo já é mais visitado, aos finais de semana, do que o Pão de Açúcar: são cerca de 20 mil pessoas todos os sábados e domingos. 
 
"Vem gente do mundo inteiro, mas tem muito carioca também que vem por curiosidade, por lazer mesmo, para conhecer uma parte da cidade que não tinha acesso antes", conta o sargento Tsoukalas, supervisor da UPP das Palmeiras. 
 
Prova disso aconteceu neste domingo (25). Nem mesmo a forte chuva e névoa que caíam na cidade impediram que dezenas de pessoas aproveitassem a estadia no Rio para visitar o local. Catarinenses de Joinville, Lamis Moussz, Rogério Garcia e Vanderlei Vieira já conheciam a capital fluminense, mas nunca haviam entrado em uma favela. 
 
De dentro do teleférico, eles se diziam impressionados com o passeio. "Isso daqui é incrível, é coisa de primeiro mundo. Este passeio será inesquecível", contou Moussz. 
 
O segurança Damião Nascimento, de 36 anos, é um destes cariocas que está redescobrindo esta parte da cidade. Morador do Complexo da Maré, ele conta que o passeio de teleférico é "maravilhoso".  A chegada dos turistas é importante para que as pessoas conheçam a vida nas favelas, "sem preconceito", acredita.
 
De máquina fotográfica em punho, o paulistano Raniere dos Reis, 32, recebeu o convite para conhecer o local pelo primo, Eduardo, morador do Complexo há mais de 10 anos. "Antes eu tinha medo e além disso era muito difícil chegar até aqui. O teleférico dá um frio na barriga, porque é muito alto, mas para quem mora é um adianto, com certeza", acredita.
 
Com turismo, negócios também prosperam
 
Quem também está comemorando a chegada dos turistas são os comerciantes locais. Aline Thomaz, de 23 anos, sempre teve uma barraca de água de coco no local. Segundo ela, quando o teleférico foi inaugurado as vendas dobraram. "Ah, com o teleférico as vendas melhoraram muito, vem gente do mundo inteiro aqui, do Brasil inteiro visitar. Parece Copacabana", conta, aos risos. Ao lado do marido, ela diz que em finais de semana de sol vende mais de 500 cocos. 
 
No mesmo local, a dona da barraca de pastel e batata-frita, Anita Maria, reclamava da falta de assistência da prefeitura para os comerciantes locais. "Eles querem diminuir nossa barraca pela metade, vai prejudicar muito o meu negócio", afirma. Mesmo assim, não pensa em sair de lá, já que o movimento não pára. "Hoje tá mais fraco por causa da chuva, mas normalmente isso daqui enche", fala, enquanto frita mais um salgado de carne. 
 
Potencial Turístico
 
Pensando no potencial turístico da região, a Secretaria Estadual de Turismo criou, em setembro, o Projeto Piloto de Capacitação e de Desenvolvimento Sustentável nas Comunidades Pacificadas. Pelo programa, jovens e pequenos empreendedores do local receberam aulas de inglês e espanhol para capacitação em turismo sustentável.
 
O coordenador-geral do projeto, Marcos Pereira, explicou que a iniciativa surgiu a partir de um estudo feito com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que identificou um potencial voltado para o setor turístico na comunidade. 
 
De acordo com ele, com a inauguração do teleférico e a implantação da UPP, a comunidade passou a ser visitada por milhares de turistas, principalmente estrangeiros. "A população nacional e mundial visita a comunidade. Não adianta promovermos o teleférico e o Complexo do Alemão. Nós temos que promover, e da mesma forma capacitar a comunidade para atender a esse fluxo de turistas", disse.
 
 
Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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