Costa Rica fecha último zoológico estatal do país
O país é um dos líderes mundiais de sustentabilidade [...]
Ao não renovar o contrato com a FUNDAZOO, fundação que administra um parque zoológico e um centro de conservação, na Costa Rica, o MINAE (Ministério de Ambiente e Energia) fecha um ciclo de mais de 30 anos, "em nome do bem-estar e da conservação das espécies".
No último dia 10 de maio, o MINAE decidiu fechar o zoológico estatal Simón Bolívar, parque urbano, em San José, e o Centro de Conservación Santa Ana, no distrito de Uruca, próximo à capital costa-riquenha.
"Esse fechamento está alinhado com as políticas nacionais e internacionais que promovem a conservação da vida silvestre em seus habitats naturais", explicou Franz Tattenbach, ministro do Ambiente e Energia daquele país, em vídeo oficial.
Considerada modelo de conservação da natureza e um dos países mais sustentáveis do planeta, a Costa Rica recebeu o Campeões da Terra, em 2019, prêmio ambiental da ONU na categoria Liderança Política.
Segundo Tattenbach, a decisão foi tomada, pois os zoológicos estavam sob uma legislação antiga que "permitia que os animais estivessem confinados de uma maneira não muito humanitária".
Para ele, cativeiros só devem ser mantidos em casos de animais impossibilitados de serem reintroduzidos à natureza, por questões físicas ou de comportamento.
Em nota, o ministério afirmou também que cada um dos 287 animais resgatados foram encaminhados para o Centro de Rescate de Vida Silvestre, conhecido como o maior centro de resgate do gênero, em toda a América Central.
A decisão, porém, não foi bem recebida por alguns dos envolvidos, como a própria FUNDAZOO. Logo começaram a circular notícias como a de que, ao menos, sete animais teriam morrido durante o traslado e que o antigo zoológico teria se transformado em um "bunker de indigentes", segundo descrição do Zoológico Simón Bolívar, em seu perfil no Facebook.
Em uma das inúmeras entrevistas sobre a polêmica, o especialista ambiental Víctor González declarou ao programa La Revista que "de uma gaiola para outra, é o mesmo macaco com o mesmo rabo", sugerindo assim que não haverá mudanças, pois o Centro de Rescate de Vida Silvestre é um zoológico tal qual o antigo Simón Bolívar da FUNDAZOO.
Santuário na Costa Rica
O Centro de Rescate de Vida Silvestre, antigo Zoo Ave, é um santuário localizado em Alajuela, na região metropolitana de San José, que recebe mais de três mil animais silvestres, anualmente, com o objetivo de reabilitar e, na medida do possível, devolvê-los a seus habitats naturais.
O local abriga também o único hospital para animais selvagens da Costa Rica, além de programas de educação e de criação de espécies ameaçadas de extinção.
Aberto ao público, outra das críticas feitas ao local, o visitante pode caminhar por trilhas curtas, em meio a jardins botânicos, e avistar cerca de 700 animais de 120 espécies diferentes, como aves, crocodilos, bichos-preguiça, macacos e felinos, como a Pili, uma onça fêmea de sete anos que chegou recentemente ao santuário.
Já o zoológico estatal Simón Bolívar pode ser transformado em jardim botânico ou um parque natural urbano.
Urbano ou natural?
O primeiro se refere às áreas verdes dentro do perímetro urbano, cujas instalações contam com espaços de lazer e prática esportiva. Aclimação, Ibirapuera, Carmo e Independência, em São Paulo, são alguns exemplos de parques desse gênero.
Já os PNMs (Parques Naturais Municipais) são Unidades de Conservação que protegem, integralmente, áreas verdes de uma cidade e têm como objetivo a preservação e recuperação de ecossistemas originais, pesquisa científica e atividades de turismo ecológico.
Entre as unidades desse grupo, na capital paulista, estão o Itaim, nos limites da APA Bororé-Colônia, Jaceguava, na região do Guarapiranga, e Varginha, no Grajaú, nas margens da represa Billings. O parque costa-riquenho poderia ser incluído nessa categoria, segundo projeto de lei apresentado pelo deputado Manuel Morales.